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Justiça dá prazo para invasores abandonarem terreno voluntariamente em São Paulo
Sem-teto têm 3 dias para deixar USP
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O juiz da 9ª Vara da Fazenda
Pública, Zenício Antonio de
Paula Salles, concedeu ontem
prazo de três dias para que os invasores de um terreno da USP,
em São Paulo, deixem voluntariamente o local.
A decisão é uma resposta ao
pedido de reintegração de posse
do terreno feito pela USP.
A invasão começou há seis
dias. Ontem, havia cerca de 80
famílias no local, 10 a mais que
no dia anterior.
A maioria delas é composta
por moradores da favela São Remo, que fica em uma outra área
da USP localizada próximo ao
terreno invadido e ao campus
central da universidade, no bairro do Butantã (zona sudoeste). A
USP tem vários terrenos na região, que somam cerca de 5.000
m2.
O pedido de reintegração de
posse foi apresentado à Justiça
por causa do impasse nas negociações entre as duas partes. Em
assembléia realizada ontem, os
invasores recusaram a proposta
apresentada pela USP.
A universidade exigiu a desocupação imediata do local em
troca de um projeto de cessão do
direito de uso da área pelos invasores durante dois anos.
Para o prefeito do campus universitário, Gil Costa Marques, a
retirada dos invasores é necessária por uma questão de princípios. Ele teme que ela abra um
precedente e estimule outras
ocupações de terrenos da USP.
Os invasores alegam que a área
estava abandonada. "Se eles tivessem a intenção de fazer algo
aqui, pelo menos limpariam o
terreno", diz Givanildo Santos,
um dos líderes do movimento.
Ontem, eles continuavam a
construir casas no local, mantendo a intenção de ficar na área.
"Estou aqui guardando o terreno dos meus filhos, que moram
de favor na casa de parentes e
não podem ficar aqui o dia todo
porque trabalham como serventes na USP", conta a dona-de-casa Maria Lúcia Pereira.
O Sindicato dos Trabalhadores
da USP apóia os invasores. "Já
existem muitos terrenos ocupados nessa região", diz Magno de
Carvalho, diretor do sindicato.
A entidade também mobilizou
organizações populares para evitar confrontos com a polícia em
uma eventual retirada dos invasores à força.
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