São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça dá prazo para invasores abandonarem terreno voluntariamente em São Paulo
Sem-teto têm 3 dias para deixar USP

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

O juiz da 9ª Vara da Fazenda Pública, Zenício Antonio de Paula Salles, concedeu ontem prazo de três dias para que os invasores de um terreno da USP, em São Paulo, deixem voluntariamente o local.
A decisão é uma resposta ao pedido de reintegração de posse do terreno feito pela USP.
A invasão começou há seis dias. Ontem, havia cerca de 80 famílias no local, 10 a mais que no dia anterior.
A maioria delas é composta por moradores da favela São Remo, que fica em uma outra área da USP localizada próximo ao terreno invadido e ao campus central da universidade, no bairro do Butantã (zona sudoeste). A USP tem vários terrenos na região, que somam cerca de 5.000 m2.
O pedido de reintegração de posse foi apresentado à Justiça por causa do impasse nas negociações entre as duas partes. Em assembléia realizada ontem, os invasores recusaram a proposta apresentada pela USP.
A universidade exigiu a desocupação imediata do local em troca de um projeto de cessão do direito de uso da área pelos invasores durante dois anos.
Para o prefeito do campus universitário, Gil Costa Marques, a retirada dos invasores é necessária por uma questão de princípios. Ele teme que ela abra um precedente e estimule outras ocupações de terrenos da USP.
Os invasores alegam que a área estava abandonada. "Se eles tivessem a intenção de fazer algo aqui, pelo menos limpariam o terreno", diz Givanildo Santos, um dos líderes do movimento.
Ontem, eles continuavam a construir casas no local, mantendo a intenção de ficar na área.
"Estou aqui guardando o terreno dos meus filhos, que moram de favor na casa de parentes e não podem ficar aqui o dia todo porque trabalham como serventes na USP", conta a dona-de-casa Maria Lúcia Pereira.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP apóia os invasores. "Já existem muitos terrenos ocupados nessa região", diz Magno de Carvalho, diretor do sindicato.
A entidade também mobilizou organizações populares para evitar confrontos com a polícia em uma eventual retirada dos invasores à força.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.