São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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Em Carapicuíba, ex-catador quer depósito de volta

DA REPORTAGEM LOCAL

"Por mim, o lixão voltava a funcionar. Pelo menos assim a gente não ia ficar passando necessidade aqui. Minhas duas filhas se criaram catando lixo e agora estão sem estudar e sem trabalho."
A opinião de Olevina de Oliveira, 44, resume um sentimento compartilhado pela maioria das cerca de 30 famílias que vivem em barracos na entrada do ex-lixão de Carapicuíba (Grande SP), fechado no ano passado.
Quase todos trabalhavam como catadores e contam que tiravam tudo do lixo: dinheiro (do material reciclável vendido), comida (de supermercados da região), roupas e brinquedos.
Quando a prefeitura fechou o local, prometeu colocar os catadores em frentes de trabalho e atividades de reciclagem e dar escola para as crianças, mas quem ainda vive no lixão reclama que foram poucos os beneficiados.
"Eles até disseram que iam tirar a gente daqui, mas o número de barracos só fez aumentar. Eram seis, no ano passado, e já são mais de 30. Eu só queria sair daqui", afirma a ex-catadora Simone Aparecida Leandro da Silva, 40, que está desempregada.
"A gente vive de caridade dos que trazem cestas básicas, pão e roupas", conta Maria das Graças Aquino Teixeira, 33, também ex-catadora e desempregada.
Segundo o secretário do Meio Ambiente de Carapicuíba, José Cícero da Rocha, quem trabalhava no lixão e ainda não encontrou outro serviço deve ir à prefeitura para se cadastrar nas frentes de trabalho, que pagam R$ 180 por mês mais uma cesta básica. Ele admite que nem todos foram absorvidos.
"Nas frentes de trabalho temos cerca de 200 pessoas. Outras 40 trabalham na cooperativa que separa o lixo reciclável entregue em postos espalhados pela cidade, mas os ex-catadores têm uma dificuldade em aceitar ter um patrão e ganhar menos", diz.
Segundo Rocha, 720 famílias viviam na região do lixão, mas nem todas as pessoas eram catadores. (MV)


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