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Em Carapicuíba, ex-catador quer depósito de volta
DA REPORTAGEM LOCAL
"Por mim, o lixão voltava
a funcionar. Pelo menos assim a gente não ia ficar passando necessidade aqui. Minhas duas filhas se criaram
catando lixo e agora estão
sem estudar e sem trabalho."
A opinião de Olevina de
Oliveira, 44, resume um sentimento compartilhado pela
maioria das cerca de 30 famílias que vivem em barracos na entrada do ex-lixão de
Carapicuíba (Grande SP), fechado no ano passado.
Quase todos trabalhavam
como catadores e contam
que tiravam tudo do lixo: dinheiro (do material reciclável vendido), comida (de supermercados da região),
roupas e brinquedos.
Quando a prefeitura fechou o local, prometeu colocar os catadores em frentes
de trabalho e atividades de
reciclagem e dar escola para
as crianças, mas quem ainda
vive no lixão reclama que foram poucos os beneficiados.
"Eles até disseram que iam
tirar a gente daqui, mas o
número de barracos só fez
aumentar. Eram seis, no ano
passado, e já são mais de 30.
Eu só queria sair daqui",
afirma a ex-catadora Simone
Aparecida Leandro da Silva,
40, que está desempregada.
"A gente vive de caridade
dos que trazem cestas básicas, pão e roupas", conta
Maria das Graças Aquino
Teixeira, 33, também ex-catadora e desempregada.
Segundo o secretário do
Meio Ambiente de Carapicuíba, José Cícero da Rocha,
quem trabalhava no lixão e
ainda não encontrou outro
serviço deve ir à prefeitura
para se cadastrar nas frentes
de trabalho, que pagam R$
180 por mês mais uma cesta
básica. Ele admite que nem
todos foram absorvidos.
"Nas frentes de trabalho
temos cerca de 200 pessoas.
Outras 40 trabalham na cooperativa que separa o lixo reciclável entregue em postos
espalhados pela cidade, mas
os ex-catadores têm uma dificuldade em aceitar ter um
patrão e ganhar menos", diz.
Segundo Rocha, 720 famílias viviam na região do lixão, mas nem todas as pessoas eram catadores.
(MV)
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