São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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Só 6,4% das cidades reciclam detritos

DA SUCURSAL DO RIO

DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE mostram que, quando o assunto é reciclagem e coleta seletiva de lixo, o Brasil ainda tem uma longo caminho pela frente.
Só 6,4% das cidades reaproveitam os resíduos, e a coleta seletiva do lixo é realizada oficialmente por apenas 8,2% delas. Nenhuma das quatro maiores capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador) têm coleta seletiva em todos os bairros.
No ranking de reciclagem, a região Sul sai na frente. O Estado onde o reaproveitamento do lixo é mais comum é o Rio Grande do Sul, onde 22,5% dos municípios afirmaram reciclar os resíduos. Em Santa Catarina, 16,7% dos municípios reciclam seu lixo, e no Paraná a porcentagem é de 10%.
A liderança se deve à tradição das ações de coleta seletiva e reciclagem, principalmente nas cidades gaúchas e paranaenses, que há mais de 13 anos iniciaram políticas nesse sentido, afirma Elizabeth Grimberg, do Instituto Polis.
Na região Norte, nenhum município afirmou ter coleta seletiva em todos os distritos. No Nordeste, apenas 5 dos 1.787 municípios dizem fazer a coleta seletiva em todos os distritos (0,3%); no Centro-Oeste, a atividade é desenvolvida em 0,9% das cidades (4 em 446); e mesmo no Sudeste só 53 dos 1.666 municípios (3,2%) afirmam coletar o lixo que não é lixo em todos os bairros.
Em 50 cidades brasileiras (0,9% do total), a coleta seletiva chegou a começar, mas foi interrompida por razões como falta de local adequado para separar o material, má aceitação por parte da população e falta de campanha de conscientização, entre outros.
"Mobilização, comunicação e educação são o tripé básico para que a coleta seletiva funcione. É preciso oferecer também a estrutura para a população, divulgando os horários de passagem dos caminhões de coleta e colocando postos de entrega voluntária em locais acessíveis", diz Elizabeth.
Para incentivar a reciclagem, de forma que ela impulsione a coleta seletiva, a pesquisadora defende ser fundamental que ela se torne economicamente viável. "Mercado e relação custo benefício têm de ser considerados." (AG e MV)


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