São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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RETRATO DO BRASIL

Estudo do governo mostra que seria necessário investimento de R$ 44 bilhões para disponibilizar água e esgoto

Coordenador admite investimento menor

DA SUCURSAL DO RIO

O coordenador do Programa de Modernização do Setor Saneamento do governo federal, Marcos Thadeu Abicalil, reconhece que o poder público precisa investir mais do que atualmente para universalizar o acesso aos serviços adequados de água e esgoto.
Segundo Abicalil, um estudo de 1998 do governo federal mostra que seria necessário investir R$ 44 bilhões para universalizar esses dois serviços.
Com um gasto de 0,40% do PIB ao ano, ainda de acordo com o coordenador do programa, essa meta poderia ser atingida em 2010, destinando R$ 30 bilhões para a ampliação e melhoria dos serviços de esgoto e R$ 14 bilhões para expansão e melhoria do abastecimento de água.
O governo federal, no entanto, investiu de 1995 a 2000 uma média de 0,25% do PIB no setor. Esse percentual é maior do que o investido de 1990 a 1994, que foi de 0,11% do PIB, mas ficou abaixo do que o investimento nas décadas de 80 (0,28% do PIB) e de 70 (0,38% do PIB).
Abicalil ressalta, porém, que o Brasil investiu em 1998 o maior valor da história no setor, chegando a 0,38% do PIB. Em 1999 e em 2000, no entanto, o investimento voltou ao patamar de 0,25%.
O coordenador do programa afirma que a crise da Rússia e a crise cambial brasileira impediram que o governo federal mantivesse o mesmo nível de investimento de 1998.
Na avaliação de Abicalil, o investimento menor no setor na década de 90 foi causado pela diminuição da capacidade de financiamento do setor com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e pelo endividamento das companhias estatais de abastecimento, que ficaram sem capacidade para obter novos empréstimos.
"Não há dúvida que precisamos avançar mais. Nesse sentido, o Congresso Nacional também tem um papel importante, definindo responsabilidades e obrigações de cumprimento das metas por parte das companhias de abastecimento", disse Abicalil.
Ele afirma que o governo não pretende privatizar o setor para melhorar a qualidade e a extensão do serviço. "O que pode ser feito são concessões. Nossa proposta, que está no Congresso, é que a escolha das empresas que administrem o sistema leve em conta principalmente a capacidade de oferecer o preço mais baixo com a de maior investimento para cumprir metas", afirma.



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