São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Champinha vê TV e dorme em "seguro" na UES

DE SÃO PAULO

Um alambrado de 5 metros de altura separa a casa ocupada por Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, 24, das demais moradias da Unidade Experimental de Saúde. Ele está internado no local desde dezembro de 2007.
Champinha ganhou um "seguro", com portão e cadeado, desde que três dos outros cinco internos descobriram a sua identidade.
Assim como nos três anos em que cumpria medida sócio-educativa na Febem, ele foi separado do grupo que o ameaçava com o código das prisões: protagonistas de crimes sexuais (Liana foi torturada e estuprada pelo então menor e outros três comparsas do sequestro do casal de namorados) são punidos pelos seus pares.
"Em junho de 2008, quando tentaram pegar o Roberto, ele e outros dois rapazes foram separados dos demais. Desde então, os dois trios não se misturam", diz Daniel Adolpho Assis, advogado de Champinha.
O trio do qual Champinha faz parte ocupa uma das casas. Eles dividem um quarto, sala e banheiro. A cozinha do tipo americana está desativada.
Em 2007, vieram a público em um programa de tevê imagens do local. No Youtube, o vídeo aparece com o título "A Boa vida de Champinha". O interno aparece vendo televisão e com o controle remoto à mão.
Os três jovens que ameaçaram Champinha passaram a ocupar cada um sua própria casa no complexo. Champinha e os outros foram levados para lá por serem considerados de alta periculosidade.
Sem rotina definida, eles se pautam pela hora da refeição. Não são obrigados a acordar cedo, mas o café é servido das 6h30 às 7h. A quentinha do almoço chega ao meio-dia.
Champinha cuida da horta atrás da casa. Mas passa a maior parte do tempo sem fazer nada, vendo TV ou dormindo. Os banhos de sol são divididos em períodos, para evitar encontros entre os inimigos.
Quatro agentes, do total de 12, se revezam em três turnos. Na recepção, um computador transmite a imagem das 16 câmeras espalhadas pelo complexo.
O espaço foi projetado para ser uma unidade da Fundação Casa, mas o projeto não saiu do papel. Hoje na pasta da Saúde, abriga ex-internos com problemas mentais que já cumpriram a medida máxima (de três anos) ou que tenham mais de 21 anos. Champinha foi o primeiro "hóspede".


Texto Anterior: "Espero que ele fique preso", diz pai de Liana
Próximo Texto: Acidente nas cataratas alerta para segurança
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.