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BARBARA GANCIA
Só falta passageiro levar tapa na cara
A Airbus apressou-se em
desmentir a notícia veiculada pelo jornal "The New York Times" da última quarta-feira, de
que esteja pensando em transportar passageiros em pé.
A idéia de remover os assentos
dos aviões A380 para dar lugar a
vagas "verticalizadas" em vôos de
curta duração (em algumas rotas
do Extremo Oriente), foi negada
por uma porta-voz da empresa,
que classificou a informação como "crap" (excremento).
Na minha modestíssima opinião, a Airbus só reagiu com essa
fúria toda porque foram tamanhos os protestos diante da notícia, que a empresa, no melhor estilo gaulês (a maioria das ações
da Airbus ainda é francesa), resolveu recuar vociferando.
No texto sobre as chamadas vagas "stand-up", o repórter do
NYT diz ter visto com os próprios
olhos uma proposta para o modelo sem assentos.
Fala sério: se os franceses inventaram a guilhotina, por que não
inventariam o vôo em pé? O leitor
mais viajado, do tipo que já sacolejou nos vagões de metrô de Londres, Paris e Nova York por mais
de uma hora seguida, dirá que
pagaria de bom grado por uma
passagem de avião em pé, se o
preço compensasse.
Mas, quando se trata de viajar
de avião, sensatez é a última coisa
que se pode cobrar de gente como
eu, que tem pavor de voar. É mais
fácil um camelo passar pela turbina de um Tupolev, do que me ver
sorrir dentro de um avião. Ao menos, sentada, eu alivio o estresse, a
trombose, a desidratação e o ataque iminente do coração.
E, enquanto a possibilidade do
vôo em pé ficar restrita ao Japão e
à China, tudo bem. Japonês e chinês é disciplinadíssimo, vai ficar
todo mundo no seu lugar, de cinto, balançando perninha e bracinho. Mas já imaginou se a TAM
ou a Gol importam o modelo? Assim que o comandante autorizar
a circulação pela cabine depois da
decolagem, o mais "ihspérto" irá
a galope para o banheiro com o
jornal debaixo do braço e lá passará o vôo inteiro sentadão feito
um paxá, de pernas cruzadas.
Que se danem todos os que precisam mesmo usar o W.C.
Quer saber? Melhor fechar os
olhos debaixo de uma árvore feito
Rip van Winkle e acordar só daqui a 20 anos. Em 2026, quem sabe, será possível viajar congelado
como Han Solo em "Star Wars".
Assim a Airbus poderá nos empilhar, um em cima do outro, à vontade, em aviões de carga similares
aos Antonov, Galaxy ou Hercules
de hoje, e a gente irá de lá para
cá bonito, sem precisar de reza
brava.
QUALQUER NOTA
No embrulho
Larry Rohter, do "New York Times", continua indefectível no
papel de correspondente do
grande matutino na república
das bananas. Mesmo estando
entre nós há tempo suficiente
para saber que nos colocar na
mesma seara dos nossos vizinhos é generalizar, nesta
semana, em reportagem sobre
Bruna Surfistinha, ele mandou
brasa no clichê. Afirmou que
a influência do pudor é "conceito importante na América
Latina, que combina elementos
de modéstia, decência, propriedade e vergonha".
Maioral
Roger Penske, patrão do piloto
Hélio Castroneves, está sendo
cotado para a presidência
da GM.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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