São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para atual comandante da PM, infiltração é ilegal

DA REPORTAGEM LOCAL

"No meu comando, a partir de 19 de abril, é inadmissível retirar preso para fazer infiltrações. É totalmente irregular e ilegal", afirmou o coronel Alberto Silveira Rodrigues, atual comandante-geral da PM de São Paulo.
Segundo ele, o Gradi retornou para sua função original -tratar de crimes de preconceito e de discriminação-, logo que assumiu, após o ofício em que um juiz relatou ter se sentido ameaçado por policiais da unidade.
""Achei um absurdo, o fato de um juiz se sentir ameaçado pela presença de policiais militares e mandei acabar com aquilo", disse o comandante. O caso, porém, não foi investigado pela Corregedoria da PM porque, de acordo com Rodrigues, não havia provas contra os policiais citados.
O coronel afirmou ser contra infiltrações em quadrilhas, até mesmo por parte de policiais. Cita como exemplo a história do repórter da Rede Globo Tim Lopes, descoberto por traficantes em uma favela do Rio de Janeiro quando checava denúncias de moradores de um morro.
""Diz a regra do sistema de informações que o policial infiltrado tem de ser supercontrolado, porque você tem de dar retaguarda para ele", afirmou.

Sigilo
O coronel acredita que a estratégia de ação do Gradi descrita pela Folha deveria acontecer dentro de um grupo muito fechado. Ele próprio afirmou nunca ter sido informado de que esse tipo de trabalho era realizado no Estado.
Segundo o comandante, a polícia pode requisitar a saída de presos a um juiz para fazer diligências, que ele entende serem ""reconstituições, reconhecimentos de pessoas, locais, ações para apurar uma verdade".
""Policial que se infiltra entre bandidos para trazer notícia para a polícia não dá para controlar. O cara está cometendo suicídio", disse o oficial da PM.
Os fatos informados pela Folha ao comandante, segundo ele, não foram apurados porque não existiram notícias de irregularidade nas operações. ""Se vierem fatos novos, vamos ter de botar a Corregedoria atrás disso", afirmou.
Na sexta-feira, a assessoria de imprensa do secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, informou que ele ""tem conhecimento de que as diligências com presos são feitas mediante autorização judicial".
O secretário, no entanto, não respondeu a questão enviada pela Folha, na manhã de sexta, sobre o nível de informação que ele tinha sobre o uso de presos na ação de Sorocaba, ocorrida em sua gestão.


Texto Anterior: Criador do Gradi evita comentar ações
Próximo Texto: Babel paulistana: Favelados e "sem-casa" são 13ª cidade do país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.