DA REPORTAGEM LOCAL

A maneira como professores e pais tratam crianças com baixa estatura faz diferença no desenvolvimento psicológico infantil, diz a psicóloga Vânia Vieira Costa, mestre em Nutrição e autora de uma pesquisa inédita no país sobre os efeitos do déficit de altura, realizada na Universidade Federal de São Paulo.
Vânia verificou que aquelas com uma altura em desacordo com a idade tinham menos iniciativa, desempenho escolar pior, apetite menor, mais sinais de sentimento de desvalorização, distração, imaturidade e episódios de incontinência urinária do que aquelas com estatura adequada.
Todas as crianças que participaram do estudo da psicóloga tinham baixa estatura originada por problemas nutricionais. Mas os distúrbios apresentados por elas são comuns em muitas crianças baixas.
De acordo com a psicóloga, não existem evidências de que essas crianças tenham déficit intelectual. Vânia diz que dados da literatura médica mundial apontam que uma das possíveis origens dos problemas é o fato de elas serem tratadas de acordo com o tamanho e não conforme a idade.
"Elas são superprotegidas, vistas pela aparência, infantilizadas. Os pais tentam suprir todas as necessidades. Isso gera um sentimento de incapacidade", diz. "A criança deve ser olhada por suas potencialidades."
No levantamento, foram acompanhadas 342 crianças, 114 com déficit de altura e 228 com estatura normal, todas de escolas públicas da região de Vila Mariana, zona sul da capital paulista.
Outro estudo feito na universidade com crianças dessas escolas mostrou que as de baixa estatura tinham uma relação ruim com as mães. "A desnutrição é associada a desvios da mãe. Crianças de baixa estatura têm, com maior frequência, problemas familiares que dificultam as relações e os cuidados", diz o orientador dos estudos no Departamento de Pediatria, José Augusto Taddei.
(FL)


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