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POLÍCIA
Homem seqüestrou o ônibus em que viajava e ameaçou matar sua mulher com uma foice caso não o levassem até a Rota
Motorista
faz mulher
de refém
por 7 horas
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
O motorista João Vital do Ó, 39,
que sofre de problemas mentais,
foi preso em flagrante na manhã
de ontem, sete horas após tomar
como refém sua mulher, Rosa Maria de Lima Barbosa, 26, e sequestrar no Terminal Rodoviário do
Tietê (zona norte de SP) o ônibus
da empresa Cometa em que vieram do Rio de Janeiro.
Assim que os demais passageiros
do ônibus desceram, Vital agarrou
a mulher e, segurando uma foice
de jardinagem, ameaçou matá-la.
Ele mandou o motorista do ônibus, José Carlos Alho Batista, 46,
levá-lo até a sede da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias Aguiar), da PM.
Vital queria falar com um coronel da Rota e que nomes famosos
da imprensa fossem chamados para fazer a cobertura do sequestro.
Caso contrário, mataria a mulher.
Na sexta-feira antes do sequestro, Vital havia tentado se matar,
cortando os pulsos. No dia seguinte, segundo Rosa, ainda sob o efeito de calmantes, ele se embriagou.
O caso só foi resolvido após muito diálogo entre Vital, policiais da
Rota e do Gate (Grupo de Ações
Táticas Especiais).
Às 7h10, o sequestro terminou,
quando as negociações eram conduzidas pelo capitão Diógenes
Viegas Dalle Lucca, do Gate.
"Após sete horas de conversa,
deu para perceber que ele não
queria a morte e, devido ao cansaço, ele se convenceu a entregar a
arma e se render", disse Lucca.
Preso em flagrante, Vital foi levado para o 12º DP (Pari), onde foi
autuado em flagrante por cárcere
privado pelo delegado Valdemir
Chicarelle, que pediu exames psiquiátricos do acusado. Segundo o
delegado, Vital ficará afastado dos
outros presos. "Ele tem de ficar
isolado até que passe esse surto."
Vital não soube explicar a razão
do sequestro, mas, segundo Rosa,
ele dizia que estava sendo perseguido e que queriam matá-lo.
"Ele esteve tranquilo durante a
viagem toda. Passou o tempo todo
me abraçando e me beijando, mas,
cada vez que passava um passageiro, ele levava a mão à sacola (onde
carregava a foice)", disse Rosa.
"Depois que os outros passageiros desceram é que ele veio do
fundo, mandando que eu o levasse
para a Rota", disse Batista, da empresa Cometa, que chegou à 0h07
no terminal do Tietê.
Até as 13h, o motorista não havia
saído do 12º DP (Pari). "Tudo que
eu quero é dormir", disse Batista,
que nunca passou por nada parecido em 25 anos de carreira.
Ao chegar na delegacia, Vital
gritava: "Eles (os policiais) vão
me matar". Ele só se acalmou na
presença da ex-mulher, Helena,
que viveu com Vital por 18 anos.
Segundo Helena (ela não quis dizer seu sobrenome), Vital passou
os últimos quatro meses em São
Paulo. Para Rosa, a atual mulher,
ele dizia que estava em um sítio,
em busca de tratamento para sua
doença mental, o que não aconteceu, segundo Helena.
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