São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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REMÉDIO VELHO
Medicamentos de uso controlado com validade vencida são estocados em farmácias de SP sem controle
Remédio vencido há 10 anos não é recolhido

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local


Medicamentos de tarja preta com a data de validade vencida, alguns há mais de dez anos, estão amontoados em depósitos de farmácias e drogarias da cidade de São Paulo. E a Vigilância Sanitária do Estado, responsável pelo recolhimento, desconhece o fato.
Um remédio recebe a tarja preta quando seu uso deve ser controlado, pois pode causar dependência. E só pode ser vendido com a apresentação do receituário médico.
A Folha percorreu ontem 24 farmácias da capital. Em quatro, havia medicamentos de tarja preta que não haviam sido recolhidos.
Em uma delas, na região central, há uma caixa de papelão -guardada em cima de um empoeirado armário metálico- na qual os proprietários guardam os remédios de tarja preta com a data de validade expirada. Muitos venceram em 1987 e 1988. Há desde calmantes até remédios para o tratamento de epilepsia.
Os proprietários, que não quiseram se identificar, dizem que os fiscais da Vigilância Sanitária passam na drogaria apenas uma vez por ano. Vistoria dos remédios de tarja preta, nem pensar, afirmam.
Para esses comerciantes, a culpa é da falta de estrutura do Estado. Eles dizem que o fiscal que passou na região no final do ano passado veio da zona leste, estava com pressa e nem pediu para ver o livro dos remédios controlados, onde está o cadastro do remédio e do comprador.
Em outra drogaria, esta na zona sul, a Folha encontrou remédios vencidos em 1994. Os proprietários, que também não se identificaram temendo retaliações da Vigilância Sanitária, dizem que os fiscais não recolhem há quatro anos remédios de tarja preta.
O armazenamento dos remédios vencidos, além de ser ilegal, pode se tornar um risco à Saúde pública em caso de roubos a farmácias.
O diretor técnico da Vigilância Sanitária Roberto Wagner Barbirato, responsável pelas regiões norte e noroeste da cidade, diz desconhecer casos de farmácias que guardam medicamentos de tarja preta há mais de dez anos.
"Não temos registros, mas também não posso me responsabilizar pelos atos de antigos fiscais da Vigilância", diz Barbirato.
Para ele, no entanto, as farmácias deveriam informar à Vigilância sobre os remédios vencidos (leia texto nesta página). "É o procedimento correto. Quando ficamos sabendo da estocagem de remédios de tarja preta vencidos, damos baixa e o material é recolhido e levado para a incineração."




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