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REMÉDIO VELHO
Medicamentos de uso controlado com validade vencida são estocados em farmácias de SP sem controle
Remédio vencido há 10 anos não é recolhido
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
Medicamentos de tarja preta
com a data de
validade vencida, alguns há
mais de dez
anos, estão
amontoados em
depósitos de farmácias e drogarias
da cidade de São Paulo. E a Vigilância Sanitária do Estado, responsável pelo recolhimento, desconhece o fato.
Um remédio recebe a tarja preta
quando seu uso deve ser controlado, pois pode causar dependência.
E só pode ser vendido com a apresentação do receituário médico.
A Folha percorreu ontem 24 farmácias da capital. Em quatro, havia medicamentos de tarja preta
que não haviam sido recolhidos.
Em uma delas, na região central,
há uma caixa de papelão -guardada em cima de um empoeirado
armário metálico- na qual os
proprietários guardam os remédios de tarja preta com a data de
validade expirada. Muitos venceram em 1987 e 1988. Há desde calmantes até remédios para o tratamento de epilepsia.
Os proprietários, que não quiseram se identificar, dizem que os
fiscais da Vigilância Sanitária passam na drogaria apenas uma vez
por ano. Vistoria dos remédios de
tarja preta, nem pensar, afirmam.
Para esses comerciantes, a culpa
é da falta de estrutura do Estado.
Eles dizem que o fiscal que passou
na região no final do ano passado
veio da zona leste, estava com
pressa e nem pediu para ver o livro
dos remédios controlados, onde
está o cadastro do remédio e do
comprador.
Em outra drogaria, esta na zona
sul, a Folha encontrou remédios
vencidos em 1994. Os proprietários, que também não se identificaram temendo retaliações da Vigilância Sanitária, dizem que os
fiscais não recolhem há quatro
anos remédios de tarja preta.
O armazenamento dos remédios
vencidos, além de ser ilegal, pode
se tornar um risco à Saúde pública
em caso de roubos a farmácias.
O diretor técnico da Vigilância
Sanitária Roberto Wagner Barbirato, responsável pelas regiões
norte e noroeste da cidade, diz
desconhecer casos de farmácias
que guardam medicamentos de
tarja preta há mais de dez anos.
"Não temos registros, mas também não posso me responsabilizar
pelos atos de antigos fiscais da Vigilância", diz Barbirato.
Para ele, no entanto, as farmácias deveriam informar à Vigilância sobre os remédios vencidos
(leia texto nesta página). "É o
procedimento correto. Quando ficamos sabendo da estocagem de
remédios de tarja preta vencidos,
damos baixa e o material é recolhido e levado para a incineração."
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