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Lei é a mesma que
rege lixo hospitalar
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Não há uma legislação específica
que determine o que farmácias e
distribuidoras devem fazer com os
medicamentos vencidos.
O novo Código Penal prevê que a
comercialização de medicamentos
com data vencida é crime. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde, nesses
casos a Vigilância Sanitária utiliza
a legislação de resíduos hospitalares, que determina que o lixo deve
ser retirado pela prefeitura e incinerado.
De acordo com a assessoria de
imprensa, farmácias, laboratórios
e distribuidoras de medicamentos
devem tirar todos os medicamentos vencidos da prateleiras e separá-los em caixas lacradas, em locais de difícil acesso.
Esses produtos devem ser retirados pelo serviço de limpeza municipal -no caso de São Paulo, a
Limpurb- toda a semana, e levados para incineração. A Vigilância
Sanitária de São Paulo, no entanto, fiscaliza apenas uma vez por
ano esses estabelecimentos em caso de não haver denúncias.
Wagner Rocha, assessor jurídico
do Sindicato das Farmácias do Estado de São Paulo, afirma que a
Limpurb passa pelas 3.365 farmácias da capital pelo menos duas vezes por semana, quando são retirados lixos "hospitalares" como
seringas, agulhas e medicamentos
vencidos. A Limpurb confirma.
"Mas há muitas cidades no Estado de São Paulo que não têm incineradores. Nesse caso, eu não sei
que rumo tomam os remédios
vencidos", diz Rocha.
A Vigilância Sanitária diz que,
nesses casos, o lixo deve ser encaminhado para a cidade mais próxima onde houver um incinerador. Mas a assessoria de imprensa
da secretaria não soube informar
quem é responsável pelo transporte desses remédios inutilizados.
No caso de medicamentos de
tarja preta -que têm uso controlado e podem causar dependência-, a coleta é responsabilidade
da Vigilância Sanitária.
A farmácia tem de notificar a Vigilância do bairro que determinado produto está com a validade
vencida. A própria Vigilância deve
dar baixa no registro do medicamento, recolhê-lo e encaminhá-lo
para incineração.
De acordo com João Franco de
Godoy Filho, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de
Drogas e Medicamentos no Estado
de São Paulo, há uma brecha na
legislação que permite que cada
estabelecimento tome uma atitude
diferente. "Algumas distribuidoras já estão se preocupando em encaminhar os medicamentos vencidos. Mas muitas delas jogam no lixo que fica exposto na rua", diz.
Essa brecha, segundo ele, pode
facilitar a atuação de gangues, que
podem recolher os produtos intactos no lixo e colocá-los de volta
no mercado. "Acho que deveria
haver uma lei que obrigasse os estabelecimentos a inutilizar (destruir) os medicamentos antes que
fossem transportados."
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