FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Um avião C-130 Hércules da
FAB (Força Aérea Brasileira),
com nove tripulantes, explodiu
no início da tarde de ontem, depois de colidir com a serra da Tiririca, em Niterói, a 14 km do Rio.
De acordo com a Aeronáutica, a
aeronave, que realizava um vôo
experimental, havia deixado a base do Campo dos Afonsos, na zona oeste do Rio, às 9h30.
O avião estava retornando
quando se chocou com a serra,
entre o costão do Itacoatiara e a
Pedra do Elefante, a cerca de 480
m de altitude, às 12h15.
O vôo fazia parte do treinamento de pilotos. O C-130 Hércules
pertencia ao 2º Esquadrão do 1º
Grupo de Transporte de Tropa da
Base Aérea dos Afonsos, em Marechal Hermes (zona oeste). A tripulação, segundo o Comando da
Aeronáutica, era formada pelos
capitães-aviadores Alexandre
Caldeira Coelho e Gonzaga de Almeida Oliveira, pelos suboficiais
Alfredo Pereira da Silva e Carlos
Antônio Neves Gonçalves e pelos
sargentos José Luiz de Souza, Anselmo Amaral da Silva, Márcio de
Rezende Chitarra, Uelton de Oliveira e André Luiz Souza da Cruz.
Apesar de as equipes de resgate
considerarem difícil achar sobreviventes, a FAB não informou oficialmente o número de mortos.
De acordo com testemunhas,
havia uma neblina intensa no local no momento do acidente. Elas
contaram que o estrondo foi tão
forte que o chão chegou a tremer
no momento da explosão. "Não é
comum aviões da FAB passarem
por aqui, ainda mais voando tão
baixo. Todos ficaram assustados
quando perceberam que ele ia na
direção da serra. Menos de cinco
segundos depois de o avião sumir
na neblina, ouvimos a explosão",
contou o vendedor de sorvete Siro
Élcio Braga, 51.
A explosão foi tão forte que destroços caíram do outro lado da
serra, na praia de Itaipuaçu. Pedaços da fuselagem e uma chuva de
papel foram lançados na praia.
"Vimos um monte de pedaços de
metal, esponjas e manuais de
aviação caindo", disse o estudante
Paulo Maurício Barreiro, 21.
Assim que souberam do acidente, equipes de voluntários, formadas por guias e moradores da região, começaram a subir a serra,
por uma trilha existente entre rochas e mata fechada. Quando chegaram ao local, a cena era de destruição: o avião havia sido completamente despedaçado e os corpos dos tripulantes estavam espalhados num raio de um quilômetro. A explosão provocou incêndio na mata e destruiu boa parte
da vegetação do local.
"É impossível reconhecer os
corpos, porque eles estão completamente dilacerados. Do avião, a
única parte inteira era uma roda",
disse o guia de turismo Gerard
Sardo. A equipe de resgate estava
recolhendo pedaços de corpos, o
que tornava impossível dizer
quantos dos tripulantes já haviam
sido localizados e identificados. O
resgate, que estava sendo feito sob
forte chuva e vento, era difícil,
porque a área do acidente é um
despenhadeiro.
Segundo o tenente-coronel da
Aeronáutica José Alberto Matos,
cerca de cem pessoas ajudavam
no trabalho de resgate, além de
seis helicópteros. "Uma equipe
médica também foi mandada para lá, apesar de a possibilidade de
haver sobreviventes ser nula."
De acordo com Matos, os trabalhos de resgate continuariam durante a noite. Um dos objetivos da
busca era encontrar a caixa-preta
do avião, para tentar saber o que
provocou o acidente.
Em 1994, um avião C-130 Hércules da FAB caiu na Bahia, matando 21 militares. O C-130 Hércules é um avião de transporte
militar usado em cerca de 70 países, segundo sua fabricante, a
companhia Lockheed Martin,
que tem base em Maryland, nos
Estados Unidos.
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que
a FAB tem 11 Hércules, e o Comando da Aeronáutica, mais dez.
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