São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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ACIDENTE

Aeronave fazia vôo de treinamento quando colidiu com uma serra

Avião da FAB explode com nove tripulantes em Niterói

Julio Diniz/"O Fluminense"
Equipes de resgate perto dos destroços do avião Hércules da FAB que explodiu ontem em Niterói


SABRINA PETRY
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Um avião C-130 Hércules da FAB (Força Aérea Brasileira), com nove tripulantes, explodiu no início da tarde de ontem, depois de colidir com a serra da Tiririca, em Niterói, a 14 km do Rio.
De acordo com a Aeronáutica, a aeronave, que realizava um vôo experimental, havia deixado a base do Campo dos Afonsos, na zona oeste do Rio, às 9h30.
O avião estava retornando quando se chocou com a serra, entre o costão do Itacoatiara e a Pedra do Elefante, a cerca de 480 m de altitude, às 12h15.
O vôo fazia parte do treinamento de pilotos. O C-130 Hércules pertencia ao 2º Esquadrão do 1º Grupo de Transporte de Tropa da Base Aérea dos Afonsos, em Marechal Hermes (zona oeste). A tripulação, segundo o Comando da Aeronáutica, era formada pelos capitães-aviadores Alexandre Caldeira Coelho e Gonzaga de Almeida Oliveira, pelos suboficiais Alfredo Pereira da Silva e Carlos Antônio Neves Gonçalves e pelos sargentos José Luiz de Souza, Anselmo Amaral da Silva, Márcio de Rezende Chitarra, Uelton de Oliveira e André Luiz Souza da Cruz.
Apesar de as equipes de resgate considerarem difícil achar sobreviventes, a FAB não informou oficialmente o número de mortos.
De acordo com testemunhas, havia uma neblina intensa no local no momento do acidente. Elas contaram que o estrondo foi tão forte que o chão chegou a tremer no momento da explosão. "Não é comum aviões da FAB passarem por aqui, ainda mais voando tão baixo. Todos ficaram assustados quando perceberam que ele ia na direção da serra. Menos de cinco segundos depois de o avião sumir na neblina, ouvimos a explosão", contou o vendedor de sorvete Siro Élcio Braga, 51.
A explosão foi tão forte que destroços caíram do outro lado da serra, na praia de Itaipuaçu. Pedaços da fuselagem e uma chuva de papel foram lançados na praia. "Vimos um monte de pedaços de metal, esponjas e manuais de aviação caindo", disse o estudante Paulo Maurício Barreiro, 21.
Assim que souberam do acidente, equipes de voluntários, formadas por guias e moradores da região, começaram a subir a serra, por uma trilha existente entre rochas e mata fechada. Quando chegaram ao local, a cena era de destruição: o avião havia sido completamente despedaçado e os corpos dos tripulantes estavam espalhados num raio de um quilômetro. A explosão provocou incêndio na mata e destruiu boa parte da vegetação do local.
"É impossível reconhecer os corpos, porque eles estão completamente dilacerados. Do avião, a única parte inteira era uma roda", disse o guia de turismo Gerard Sardo. A equipe de resgate estava recolhendo pedaços de corpos, o que tornava impossível dizer quantos dos tripulantes já haviam sido localizados e identificados. O resgate, que estava sendo feito sob forte chuva e vento, era difícil, porque a área do acidente é um despenhadeiro.
Segundo o tenente-coronel da Aeronáutica José Alberto Matos, cerca de cem pessoas ajudavam no trabalho de resgate, além de seis helicópteros. "Uma equipe médica também foi mandada para lá, apesar de a possibilidade de haver sobreviventes ser nula."
De acordo com Matos, os trabalhos de resgate continuariam durante a noite. Um dos objetivos da busca era encontrar a caixa-preta do avião, para tentar saber o que provocou o acidente.
Em 1994, um avião C-130 Hércules da FAB caiu na Bahia, matando 21 militares. O C-130 Hércules é um avião de transporte militar usado em cerca de 70 países, segundo sua fabricante, a companhia Lockheed Martin, que tem base em Maryland, nos Estados Unidos.
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que a FAB tem 11 Hércules, e o Comando da Aeronáutica, mais dez.



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