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TRÂNSITO
Única diferença é visual personalizado, que beira 15% do custo; duas compras foram por carta-convite e uma, sem licitação
Capacete da CET sai até 124% mais caro
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo
fez, nos últimos 13 meses, três
compras de capacete para motociclistas, totalizando 574 unidades, por preços até 124% superiores aos do mercado varejista.
O produto adquirido pela CET é
da marca Taurus, modelo Zarref.
Nas duas primeiras compras, em
agosto de 2001 e janeiro de 2002, a
CET pagou R$ 246,50 pela unidade. Na última, em julho, R$ 199.
Esse modelo de capacete é oferecido em lojas para motociclistas
por preços entre R$ 110 e R$ 120.
Na fábrica, sai por R$ 105.
A única diferença do produto
comprado pela CET, considerada
"insignificante" por Edsonildo
Lopes de Andrade, técnico da
companhia, são detalhes do visual
-ele tem uma faixa refletiva nas
cores preta e amarela, na parte
central, e um adesivo atrás.
As despesas com a personalização, segundo os próprios fornecedores dos capacetes, beiram 15%
do preço final de cada unidade
-entre R$ 20 e R$ 30-, já incluídas a compra do material e a contratação de mão-de-obra especializada para esse acabamento.
Das três compras feitas pela
CET, duas foram por carta-convite -modalidade mais simples e
rápida de licitação, em que são
convidadas ao menos três empresas para apresentar os preços.
Juntas, elas custaram R$ 111.465.
Na compra feita em janeiro último, não houve licitação. Os valores dispensavam a sua realização
-R$ 13.440, por 64 capacetes.
Na última delas, em julho, a
CET queria adquirir 300 unidades
e convidou cinco empresas -das
quais duas, a Prot. Cap. Artigos
para Proteção Industrial Ltda e a
Max-Fer Comercial Ltda, disseram à Folha que nem sequer vendem capacetes para motociclistas.
Uma terceira, a Cebran, embora
faça a venda, não é especializada.
Entre as convidadas, a única
proposta, de R$ 237, foi da O. Filizzola Cia Ltda, que já havia vendido esse produto para a CET, nas
duas compras anteriores, por R$
246,50. Ela só não vendeu de novo
porque a Casa do Capacete ofereceu por R$ 199 -mesmo sem ser
convidada e sem poder comprar
esse produto direto do fabricante,
em razão de rixas comerciais.
A Casa do Capacete diz que a
quantia paga pela CET até então
estava "superfaturada" e que sua
proposta, embora superior à média de mercado, se deve às condições adversas que enfrentou.
A O. Filizzola Cia Ltda, fornecedora anterior, considera que seus
preços são superiores porque,
não sendo uma microempresa,
paga mais impostos. "Temos uma
carga tributária muito alta. Já saímos com uma perda de 25% em
relação às lojas", afirma Luiz Borges, gerente da empresa.
Entre as condições adversas citadas pela Casa do Capacete estão,
por exemplo, a impossibilidade
de comprar os produtos na fábrica. O gerente de vendas da Taurus, Gianfranco Ugo Milani, diz
que não faz essa venda porque ela
é uma concorrente e porque ela
não teria pago uma dívida, há três
anos, na data definida.
A Casa do Capacete diz que teve
dificuldades para comprar os modelos na cor branca, exigida pela
CET. Funcionários da empresa
foram ao interior do Estado e
compraram até modelos com
adesivos, mais caros, para fazer as
adaptações depois. A Taurus admite que, por causa das rixas, "segurou" na fábrica, de propósito, a
cor branca do produto.
"A gente conseguiu comprar
nas lojas e ainda ganhamos algum
dinheiro", diz Donato Esposito,
proprietário da Casa do Capacete.
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