São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Parente pede o corpo do "jeito que estiver"

DA REPORTAGEM LOCAL

A volta da estudante de pedagogia Leila Maria Oliveira dos Santos, 35, de São Paulo para Santa Maria (RS), tinha data marcada. Na segunda-feira, ela deveria estar chegando à casa da família para um almoço preparado especialmente por sua mãe, com direito a muito chocolate na sobremesa.
A festa, que estava garantida já que Leila gostava de conversar e contaria detalhes da viagem, deu lugar ao silêncio. À espera do corpo da filha, dona Celina mal conseguia se levantar da cama e mantinha-se à base de medicamentos.
Era Carmem, a irmã de Leila, quem tentava organizar a casa e ligava a todo momento para São Paulo em busca de notícias. "Está difícil, todo lugar da casa lembra a Leila, é tudo a cara dela. Para minha mãe, é ainda mais complicado, porque moravam só as duas", contou na terça-feira, dia em que uma missa lotada de amigos e parentes homenageou a pedagoga.
"A gente quer o corpo, do jeito que estiver, para poder enterrá-la. É nosso direito, mas sabemos que o trabalho é difícil para os legistas, que é preciso ter cuidado", disse.
Uma tia da família, que mora em São Paulo, está acompanhando o trabalho de identificação dos corpos. Até agora, nem a bolsa ou algum outro objeto de Leila havia sido reconhecido. "Minha tia assistiu à fita do aeroporto e viu a hora em que ela embarcou. No fundo, no fundo, a gente ainda tinha esperança de que minha irmã pudesse ter perdido o vôo e sofrido alguma outra coisa, não sei. É tão difícil de acreditar que ela não vai voltar nunca mais..."
Durante a semana, diz a irmã, a família recebeu muitas visitas de amigos e parentes. "O entra-e-sai foi grande, e isso é ótimo para minha mãe. Assim, ela ocupa um pouco a cabeça e não fica pensando só no acidente."
Para Carmem, ainda será preciso paciência até que o enterro ocorra. "Eu não sei qual era a poltrona dela no avião. Se fosse no fundo, onde houve menos impacto, acho que já teriam encontrado seu corpo", disse. "Mandamos todos os exames que tínhamos para o IML, mas acho que vai ficando mais difícil. Não sei quando poderemos colocar minha irmã para descansar em paz. Espero que seja em breve." (DT)


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