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Parente pede o corpo do "jeito que estiver"
DA REPORTAGEM LOCAL
A volta da estudante de pedagogia Leila Maria Oliveira dos
Santos, 35, de São Paulo para
Santa Maria (RS), tinha data
marcada. Na segunda-feira, ela
deveria estar chegando à casa
da família para um almoço preparado especialmente por sua
mãe, com direito a muito chocolate na sobremesa.
A festa, que estava garantida
já que Leila gostava de conversar e contaria detalhes da viagem, deu lugar ao silêncio. À espera do corpo da filha, dona Celina mal conseguia se levantar
da cama e mantinha-se à base
de medicamentos.
Era Carmem, a irmã de Leila,
quem tentava organizar a casa e
ligava a todo momento para
São Paulo em busca de notícias.
"Está difícil, todo lugar da casa
lembra a Leila, é tudo a cara dela. Para minha mãe, é ainda
mais complicado, porque moravam só as duas", contou na
terça-feira, dia em que uma
missa lotada de amigos e parentes homenageou a pedagoga.
"A gente quer o corpo, do jeito que estiver, para poder enterrá-la. É nosso direito, mas
sabemos que o trabalho é difícil
para os legistas, que é preciso
ter cuidado", disse.
Uma tia da família, que mora
em São Paulo, está acompanhando o trabalho de identificação dos corpos. Até agora,
nem a bolsa ou algum outro objeto de Leila havia sido reconhecido. "Minha tia assistiu à
fita do aeroporto e viu a hora
em que ela embarcou. No fundo, no fundo, a gente ainda tinha esperança de que minha irmã pudesse ter perdido o vôo e
sofrido alguma outra coisa, não
sei. É tão difícil de acreditar que
ela não vai voltar nunca mais..."
Durante a semana, diz a irmã,
a família recebeu muitas visitas
de amigos e parentes. "O entra-e-sai foi grande, e isso é ótimo
para minha mãe. Assim, ela
ocupa um pouco a cabeça e não
fica pensando só no acidente."
Para Carmem, ainda será
preciso paciência até que o enterro ocorra. "Eu não sei qual
era a poltrona dela no avião. Se
fosse no fundo, onde houve menos impacto, acho que já teriam
encontrado seu corpo", disse.
"Mandamos todos os exames
que tínhamos para o IML, mas
acho que vai ficando mais difícil. Não sei quando poderemos
colocar minha irmã para descansar em paz. Espero que seja
em breve."
(DT)
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