DA REPORTAGEM LOCAL

O mais difícil ainda está por vir. É o que acredita a família do administrador pernambucano Arthur Souto Maior de Queiroz, 27, funcionário da Eletropaulo que voltava de uma viagem a trabalho e foi uma das vítimas do acidente da TAM. O corpo dele foi identificado ontem pelo IML (Instituto Médico Legal) após onze dias de sofrimento da família.
Instalados em um hotel na zona sul de São Paulo, os sete familiares, incluindo o pai, a mãe e o irmão gêmeo, ficaram cercados pela atenção de amigos, psicólogos e parentes de outras vítimas.
"Conversamos com pessoas que estão na mesma situação, ocupamos nosso tempo tentando resolver as pendências", dizia André, o irmão, na sexta-feira. "O pior ainda virá com a volta à vida normal. Aqui estamos anestesiados", afirmou.
Na última semana, enquanto ainda esperava o reconhecimento de Arthur, a família resolveu se dividir em dois grupos: um se responsabilizou pela parte burocrática, que envolve o cancelamento de documentos. O outro acompanhou o trabalho do IML.
Na segunda-feira, Euler Queiroz, pai de Arthur, passou o dia cuidando da mulher. "Ela não está bem", dizia o gerente de obras, que está com o trabalho parado em Recife, onde mora. A terça-feira foi dia de registrar o boletim de ocorrência e de homenagear os mortos em Congonhas.
Até então, não havia nenhuma notícia sobre o corpo do filho. Nenhum objeto dele havia sido encontrado. "A gente fica no hotel rezando, esperando, acompanhando as notícias. O tempo demora demais a passar", resumiu Euler. Na quarta-feira, ele foi acompanhar o trabalho dos legistas no IML.
Na quinta-feira, André conversou por quase duas horas com a psicóloga de plantão no hotel. "Eu sou muito parecido com ele, principalmente quando coloco o boné, e comecei a ficar preocupado com isso. Falar sobre o assunto com alguém que entende foi um alívio", contou André. (DT)


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