São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Após 10 dias de espera, filho inicia preparativos de funeral

DA REPORTAGEM LOCAL

Muitos cafés, visitas ao IML, uns poucos passeios no shopping para tentar esquecer a tragédia e fazer o tempo passar enquanto o corpo de sua mãe, Elcita da Silva Ramos, 85, não era identificado. Na sexta-feira de manhã, o gaúcho Antônio Carlos Silva Ramos, 64, recebeu um telefonema e respirou aliviado. Tinham reconhecido o corpo de sua mãe.
Imediatamente, ele começou os preparativos do funeral, que seria realizado ontem em Porto Alegre. "Essa era uma notícia que não queria ouvir nunca, mas esperei durante toda a semana por ela. É uma agonia a gente não poder enterrar um parente querido", disse.
Além do corpo, os legistas também identificaram alguns pertences de Elcita: brincos, anel, celular, cartões de banco e um terço. "Vamos guardar tudo. São lembranças especiais, que vão nos ajudar a enfrentar essa realidade e voltar à rotina."
No começo da semana, enquanto esperava informações sobre o corpo da mãe, Antônio Carlos quase não arredou pé do IML. Só na segunda-feira, esteve lá por duas vezes. Na terça, também foi. À tarde, participou de reuniões com outros familiares e, no fim do dia, levou flores no ato que homenageou os mortos em Congonhas.
No dia seguinte, resolveu sair e olhar umas vitrines para espairecer. Não deu muito certo. Logo ele voltou ao hotel onde estava hospedado junto com as demais famílias e passou a tarde no café. "Não tenho ânimo para fazer muita coisa, mas também é bem difícil ficar trancado no quarto", dizia.
Para agilizar a tarefa, ele já havia levado uma série de exames aos legistas e aguardava o boletim de ocorrência -entregue na quinta-feira. "É muita tortura. A gente não vê a hora de acabar logo com tudo isso."
Elcita fazia parte do grupo de senhoras que se reunia semanalmente na frente da sede do governo gaúcho para tricotar em protesto pela demora no pagamento de dívidas do Estado. "Ela era cheia de vida", disse. "Agora, poderá ter um enterro digno". (DT)


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