|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após 10 dias de espera, filho inicia preparativos de funeral
DA REPORTAGEM LOCAL
Muitos cafés, visitas ao IML,
uns poucos passeios no shopping para tentar esquecer a tragédia e fazer o tempo passar enquanto o corpo de sua mãe, Elcita da Silva Ramos, 85, não era
identificado. Na sexta-feira de
manhã, o gaúcho Antônio Carlos Silva Ramos, 64, recebeu
um telefonema e respirou aliviado. Tinham reconhecido o
corpo de sua mãe.
Imediatamente, ele começou
os preparativos do funeral, que
seria realizado ontem em Porto
Alegre. "Essa era uma notícia
que não queria ouvir nunca,
mas esperei durante toda a semana por ela. É uma agonia a
gente não poder enterrar um
parente querido", disse.
Além do corpo, os legistas
também identificaram alguns
pertences de Elcita: brincos,
anel, celular, cartões de banco e
um terço. "Vamos guardar tudo. São lembranças especiais,
que vão nos ajudar a enfrentar
essa realidade e voltar à rotina."
No começo da semana, enquanto esperava informações
sobre o corpo da mãe, Antônio
Carlos quase não arredou pé do
IML. Só na segunda-feira, esteve lá por duas vezes. Na terça,
também foi. À tarde, participou
de reuniões com outros familiares e, no fim do dia, levou flores no ato que homenageou os
mortos em Congonhas.
No dia seguinte, resolveu sair
e olhar umas vitrines para espairecer. Não deu muito certo.
Logo ele voltou ao hotel onde
estava hospedado junto com as
demais famílias e passou a tarde no café. "Não tenho ânimo
para fazer muita coisa, mas
também é bem difícil ficar trancado no quarto", dizia.
Para agilizar a tarefa, ele já
havia levado uma série de exames aos legistas e aguardava o
boletim de ocorrência -entregue na quinta-feira. "É muita
tortura. A gente não vê a hora
de acabar logo com tudo isso."
Elcita fazia parte do grupo de
senhoras que se reunia semanalmente na frente da sede do
governo gaúcho para tricotar
em protesto pela demora no
pagamento de dívidas do Estado. "Ela era cheia de vida", disse. "Agora, poderá ter um enterro digno".
(DT)
Texto Anterior: Irmão gêmeo acha que o pior virá com a volta à vida normal Próximo Texto: Tragédia em Congonhas/Identificação: Em SP, falta exame de DNA específico Índice
|