São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2001

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O CASO ABRAVANEL

Grupo pagou, adiantado, R$ 2,4 mil por três meses de aluguel e não despertou a atenção dos vizinhos; criança também ficou no local

Cativeiro ficava a 3,5 km da casa de Patrícia

DA REPORTAGEM LOCAL
E DO "AGORA"

O cativeiro onde a estudante Patrícia Abravanel foi mantida refém por uma semana ficava perto do estádio do Morumbi e a apenas 3,5 quilômetros de sua casa.
A casa, na rua Áurea Batista dos Santos, fica numa área residencial, com pouco movimento. O local é um sobrado de três andares.
A estratégia de esconder Patrícia na casa estava sendo articulada havia pelo menos um mês. Isso porque, de acordo com o dono da casa, Emanuel França, 69, o grupo entrou em contato para alugar o sobrado, pelo valor de R$ 2.400, por três meses, a partir de julho.
A casa, segundo França, foi alugada por dois homens e uma mulher. Os três, além de uma criança, moraram lá por aproximadamente um mês. Mesmo durante o sequestro, nem França nem os vizinhos desconfiaram de que o local era um cativeiro.
França mora em um terreno ao lado e vive do aluguel do imóvel. Segundo ele, a "única coisa estranha" foi o fato de os inquilinos não levarem móveis para a casa, exceto uma cama e um colchão.
"Eles foram legais comigo", disse França, que, ontem, aparentava estar alcoolizado. "Além do dinheiro, me deram um sofá que custa uns R$ 600, de presente. Eu só levo calote. O cara chega com grana, não vou alugar?", afirmou.
O Passat azul de Patrícia, usado por ela para voltar à sua casa, nunca foi visto no local. Os vizinhos citam um Fusca vermelho e um Gol vinho. Já a polícia diz que o Passat ficou na casa.
Mesmo morando em frente à casa usada no sequestro, Eliete Maria dos Santos, 39, disse não ter visto nada de estranho nos últimos sete dias. "Era uma movimentação normal", disse.
No cativeiro, segundo as primeiras informações da polícia, já foram encontrados, entre outros objetos, armas e perucas utilizadas para sequestrar Patrícia.
Os sequestradores costumavam fazer compras em um mercado próximo, conhecido como Mercadinho da Lúcia. Segundo uma das funcionárias, Lucilene Sicherolli, 29, um dos rapazes do grupo comprava pão, pipoca de microondas, iogurte e cigarro.
"Ele era simpático, bonito e se vestia bem", diz Lucilene. A dona-de-casa Tereza Inácia Dias, 40, disse ter visto a criança, que aparentava ter cinco anos, apenas uma vez, na sacada da casa.

Cotia
Antes de localizar o cativeiro, três guardas de Cotia prenderam um dos acusados de participação no sequestro. Eles chegaram até Marcelo Batista dos Santos por volta das 22h de anteontem.
A localização ocorreu em uma estrada de terra, próxima ao quilômetro 39 da rodovia Raposo Tavares, em Cotia. Uma marca de cal na extensão da estrada levou os guardas até o acusado. O recanto Verde seria o local escolhido para o pagamento do resgate.
Segundo o capitão da Guarda Municipal de Cotia, José Eduardo Prado, os guardas detectaram, durante uma ronda, a estrada de terra marcada com cal. A marca foi feita para que o local do resgate fosse achado com facilidade.
Eles chegarem a Batista, que andava pelo local com uma bicicleta, carregando um rádio HT de comunicação e dois morteiros. Após deter Santos, os guardas iniciaram uma busca na mata, onde teria ocorrido uma troca de tiros.


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