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O CASO ABRAVANEL
Grupo pagou, adiantado, R$ 2,4 mil por três meses de aluguel e não despertou a atenção dos vizinhos; criança também ficou no local
Cativeiro ficava a 3,5 km da casa de Patrícia
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO "AGORA"
O cativeiro onde a estudante
Patrícia Abravanel foi mantida refém por uma semana ficava perto
do estádio do Morumbi e a apenas 3,5 quilômetros de sua casa.
A casa, na rua Áurea Batista dos
Santos, fica numa área residencial, com pouco movimento. O local é um sobrado de três andares.
A estratégia de esconder Patrícia na casa estava sendo articulada havia pelo menos um mês. Isso
porque, de acordo com o dono da
casa, Emanuel França, 69, o grupo
entrou em contato para alugar o
sobrado, pelo valor de R$ 2.400,
por três meses, a partir de julho.
A casa, segundo França, foi alugada por dois homens e uma mulher. Os três, além de uma criança,
moraram lá por aproximadamente um mês. Mesmo durante o
sequestro, nem França nem os vizinhos desconfiaram de que o local era um cativeiro.
França mora em um terreno ao
lado e vive do aluguel do imóvel.
Segundo ele, a "única coisa estranha" foi o fato de os inquilinos
não levarem móveis para a casa,
exceto uma cama e um colchão.
"Eles foram legais comigo", disse França, que, ontem, aparentava
estar alcoolizado. "Além do dinheiro, me deram um sofá que
custa uns R$ 600, de presente. Eu
só levo calote. O cara chega com
grana, não vou alugar?", afirmou.
O Passat azul de Patrícia, usado
por ela para voltar à sua casa,
nunca foi visto no local. Os vizinhos citam um Fusca vermelho e
um Gol vinho. Já a polícia diz que
o Passat ficou na casa.
Mesmo morando em frente à
casa usada no sequestro, Eliete
Maria dos Santos, 39, disse não ter
visto nada de estranho nos últimos sete dias. "Era uma movimentação normal", disse.
No cativeiro, segundo as primeiras informações da polícia, já
foram encontrados, entre outros
objetos, armas e perucas utilizadas para sequestrar Patrícia.
Os sequestradores costumavam
fazer compras em um mercado
próximo, conhecido como Mercadinho da Lúcia. Segundo uma
das funcionárias, Lucilene Sicherolli, 29, um dos rapazes do grupo
comprava pão, pipoca de microondas, iogurte e cigarro.
"Ele era simpático, bonito e se
vestia bem", diz Lucilene. A dona-de-casa Tereza Inácia Dias, 40,
disse ter visto a criança, que aparentava ter cinco anos, apenas
uma vez, na sacada da casa.
Cotia
Antes de localizar o cativeiro,
três guardas de Cotia prenderam
um dos acusados de participação
no sequestro. Eles chegaram até
Marcelo Batista dos Santos por
volta das 22h de anteontem.
A localização ocorreu em uma
estrada de terra, próxima ao quilômetro 39 da rodovia Raposo Tavares, em Cotia. Uma marca de
cal na extensão da estrada levou
os guardas até o acusado. O recanto Verde seria o local escolhido para o pagamento do resgate.
Segundo o capitão da Guarda
Municipal de Cotia, José Eduardo
Prado, os guardas detectaram,
durante uma ronda, a estrada de
terra marcada com cal. A marca
foi feita para que o local do resgate
fosse achado com facilidade.
Eles chegarem a Batista, que andava pelo local com uma bicicleta,
carregando um rádio HT de comunicação e dois morteiros.
Após deter Santos, os guardas iniciaram uma busca na mata, onde
teria ocorrido uma troca de tiros.
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