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ESTRADAS
Ação, cujo valor corresponde a R$ 2,04 bi, pede a anulação da licitação do sistema Anhanguera-Bandeirantes
Promotoria contesta concessão de rodovias em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual ingressou ontem com uma ação na Vara da Fazenda Pública para pedir a nulidade da concorrência concluída em 1998 pelo governo
de São Paulo para a concessão do lote de rodovias do sistema
Anhanguera-Bandeirantes.
A licitação foi vencida pelo consórcio Jaraguá, composto pelas
construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, CBPO e Serveng, que administram as estradas por meio da AutoBAn.
Na ação, também é pedida a devolução da arrecadação dos pedágios, a impossibilidade de contratação das construtoras durante
cinco anos e a condenação do ex-secretário dos Transportes Michael Paul Zeitlin por improbidade administrativa à suspensão
dos direitos políticos por cinco
anos e ao pagamento de multa de
cem vezes a quantia de seu salário.
A ação do Ministério Público é
assinada por cinco promotores de
Justiça e Cidadania: Fernando Capez, Silvio Antonio Marques, Túlio Tadeu Tavares, Sérgio Turra
Sobrane e Saad Mazloum.
Ela retoma uma série de investigações já feitas de 1998 a 2000 pela
Procuradoria Geral de Justiça. O
atual secretário dos Transportes,
Luiz Carlos Frayze David, a considera "requentada" e afirma haver
motivações eleitorais.
A Promotoria põe a licitação
sob suspeita por causa do depoimento de dois funcionários da
Dersa, órgão vinculado à Secretaria dos Transportes, que apontaram a existência de um "conluio"
e anteciparam, conforme registros em cartório, os consórcios
que venceriam cinco dos 12 lotes.
A ação, inicialmente, trata só do
lote 1. Mais quatro lotes, porém,
incluindo os sistemas Castelo
Branco-Raposo Tavares e Anchieta-Imigrantes, ainda serão alvo do Ministério Público.
Os funcionários responsáveis
pela denúncia -Paulo Pereira
Marques, que era presidente do
Conselho de Representantes dos
Empregados, e Celson Ferrari,
que era diretor representante-
registraram os nomes dos vencedores nos dias 11 de dezembro de
1997 e 8 de janeiro de 1998. A
abertura dos envelopes com as
propostas financeiras aconteceu
apenas em fevereiro de 1998.
O Ministério Público também
acusa a gestão estadual de não ter
feito um levantamento pormenorizado da quantidade média de
veículos nas estradas e consideram "exorbitante" a quantia que a
AutoBAn pretende lucrar no fim
da concessão -R$ 2,28 bilhões.
O ex-secretário Zeitlin é acusado porque teria reunido as construtoras para convencê-las a não
impugnar os resultados, de acordo com os promotores.
Os promotores também contestam os R$ 1,551 bilhões pagos pelo
sistema Anhanguera-Bandeirantes, que, em 1996, havia recebido
uma oferta R$ 300 milhões superior. O valor da ação corresponde
hoje a R$ 2,04 bilhões.
Fernando Capez reconhece que
a Promotoria já havia recebido as
denúncias em 1998, mas diz que,
na época, elas foram repassadas à
Procuradoria Geral de Justiça para a investigação do envolvimento
do governador Mário Covas.
A Procuradoria concluiu em
2000 que não havia indícios contra Covas. Segundo Capez, só em
abril daquele ano as denúncias foram repassadas aos promotores
de Justiça e Cidadania, que demoraram dois anos para analisá-las.
Eles retomaram as investigações por decisão do Conselho Superior do Ministério Público, já que a ação arquivada se referia só a Covas.
(ALENCAR IZIDORO)
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