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ENGENHARIA DO CRIME
Dinheiro, que ainda tinha lacres do banco, pagou participação no crime das cinco pessoas presas, diz a PF
Casa em Fortaleza escondia R$ 12 mi do BC
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Uma parte do dinheiro furtado
do Banco Central em Fortaleza há
quase dois meses, cerca de R$ 12
milhões, foi encontrada ontem
pela Polícia Federal na periferia
da cidade. Cinco homens foram
presos, e três carros, apreendidos.
O dinheiro estava escondido
embaixo do piso de um dos quartos de uma casa térrea, comprada
por cerca de R$ 70 mil pela quadrilha há mais ou menos 50 dias,
segundo vizinhos. O período
coincide com a data do crime.
A casa fica na avenida Presidente Costa e Silva (mais conhecida
como Perimetral), número 1.950,
na periferia de Fortaleza, e estava
à venda há mais de dois anos, ainda de acordo com vizinhos, antes
de ser comprada pela quadrilha.
A maior parte do dinheiro ainda
estava do mesmo jeito de quando
foi levada do BC, dividida em pacotes com R$ 5.000, em notas de
R$ 50, e com os lacres bancários.
O furto ao Banco Central aconteceu entre os dias 5 e 6 de agosto.
A quadrilha conseguiu arrombar
a caixa-forte do banco e tirar de lá
R$ 164,8 milhões, por meio de um
túnel de 80 metros, escavado de
uma casa alugada a dois quarteirões de distância.
Além dos cerca de R$ 12,3 milhões encontrados ontem, já haviam sido recuperados outros R$
5 milhões, que estavam sendo
transportados em um caminhão-cegonha da empresa JE Transporte, de Fortaleza. José Charles Machado de Morais, dono da transportadora, é suspeito de ligação
com o assalto. Um dos carros
apreendidos ontem pertenceria a
ele, segundo a PF.
A quantia descoberta ontem foi
contada primeiro na própria casa,
pelos agentes da PF, mas em seguida levada ao BC, para uma recontagem. Os cinco presos, cujos
nomes não foram revelados, permaneciam na casa, sendo interrogados. Segundo a PF, eles confirmaram que o dinheiro estava sendo dividido e que era a parte deles
no assalto. Todos tinham passagens aéreas e rodoviárias para viajar para fora do Ceará. Segundo o
superintendente da PF no Estado,
João Batista Santana, um dos presos era do Ceará e os outros, de
São Paulo e de Minas.
Investigação
A ação da PF começou às 11h.
Policiais à paisana chegaram a
uma mercearia em frente à casa,
onde os suspeitos costumavam
almoçar diariamente. Eles foram
presos quando iam almoçar.
Na casa onde estava o dinheiro,
havia muito material de construção no quintal e três veículos, uma
Mitsubishi Pajero cor prata, de
Santana de Parnaíba (SP), uma
picape Montana preta, de Mossoró (RN), e uma perua Kombi.
Segundo vizinhos, freqüentavam a casa pelo menos sete pessoas, entre elas uma grávida. "Eles
almoçavam aqui ou no restaurante ao lado, às vezes em três, quatro, até sete pessoas, e pareciam
normais, não dava para desconfiar de nada", disse Pedro Paulo
de Oliveira dos Santos, dono de
uma mercearia em frente à casa.
Segundo o superintendente da
PF no Ceará, delegado João Batista Santana, os cinco homens presos ontem fazem parte de um grupo maior, com conexão em outros Estados e sobre os quais os
investigadores já têm pistas.
Os bandidos presos em Fortaleza vinham sendo seguidos pela PF
há um mês e meio. Ao acompanhar a rotina dos assaltantes, os
policiais descobriram que eles
compraram uma grande quantidade de sacos plásticos e ligas de
elástico. O material foi usado para
organizar as notas, todas de R$ 50.
A polícia antecipou a ação porque, na noite anterior, chegou ao
local um automóvel Pajero preto,
com os três paulistas. A movimentação revelou indícios de que
o grupo estava deixando o local.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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