São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jovem corrige no SUS aborto malsucedido

da Reportagem Local

A quantidade de adolescentes que passam pelos serviços do SUS a cada ano para corrigir os efeitos de um aborto malfeito está crescendo a cada ano.
De 93 a 97, as curetagens realizadas pelo Sistema Único de Saúde em adolescentes depois de abortos passaram de 19% para 22% do total de procedimentos, um crescimento considerado significativo pelos técnicos do Ministério da Saúde.
O número de curetagens (raspagem do útero para retirada do feto ou resíduos dele) que o SUS realiza em mulheres com aborto malsucedido é o único índice disponível no país para a estimativa do número de abortos.
No caso das adolescentes, os médicos estimam que o número aumenta na mesma proporção em que aumentam os casos de gravidez na adolescência.
Em 1994, 23,7% dos partos realizados pelos hospitais do SUS eram de meninas com idade entre 10 e 19 anos. No ano passado, a porcentagem subiu para 26,5%. Em 1997, as adolescentes fizeram 718 mil dos 2,71 milhões de partos.
Em contrapartida, os partos realizados por mulheres acima de 20 anos diminuíram de 76,8% para 73,5% do total de partos feitos no SUS no mesmo período.
"As adolescentes estão engravidando mais, e portanto vêm mais ao SUS. Essa pode ser uma explicação", diz Ana Sudário Lemos, da área de saúde do ministério.
Outra possível razão, para o ginecologista Osmar Colás, é o nível de informação dessas adolescentes. "Elas procuram mais essas alternativas e acabam aparecendo nas estatísticas", diz ele, que também acha que o principal motivo para esse crescimento é o aumento da gravidez entre adolescentes.

Planejamento familiar
A partir desses dados, o ministério recomenda aos hospitais que realizem um atendimento diferenciado para as adolescentes que fazem curetagem no SUS. "Quando elas chegam ao hospital, o aborto já foi feito. Essa adolescente precisa então de apoio psicológico e de saúde", diz a técnica.
Segundo Ana, a adolescente que passa pelo SUS com complicações decorrentes de um aborto passa a fazer parte do público-alvo dos programas de planejamento familiar da rede pública. Segundo Ana, cada Estado é orientado a fazer o atendimento, mas não há um modelo único. "O que importa é que a adolescente preserve a saúde."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.