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Jovem corrige no SUS aborto malsucedido
da Reportagem Local
A quantidade de adolescentes
que passam pelos serviços do SUS
a cada ano para corrigir os efeitos
de um aborto malfeito está crescendo a cada ano.
De 93 a 97, as curetagens realizadas pelo Sistema Único de Saúde
em adolescentes depois de abortos
passaram de 19% para 22% do total de procedimentos, um crescimento considerado significativo
pelos técnicos do Ministério da
Saúde.
O número de curetagens (raspagem do útero para retirada do feto
ou resíduos dele) que o SUS realiza em mulheres com aborto malsucedido é o único índice disponível no país para a estimativa do
número de abortos.
No caso das adolescentes, os médicos estimam que o número aumenta na mesma proporção em
que aumentam os casos de gravidez na adolescência.
Em 1994, 23,7% dos partos realizados pelos hospitais do SUS eram
de meninas com idade entre 10 e
19 anos. No ano passado, a porcentagem subiu para 26,5%. Em
1997, as adolescentes fizeram 718
mil dos 2,71 milhões de partos.
Em contrapartida, os partos realizados por mulheres acima de 20
anos diminuíram de 76,8% para
73,5% do total de partos feitos no
SUS no mesmo período.
"As adolescentes estão engravidando mais, e portanto vêm mais
ao SUS. Essa pode ser uma explicação", diz Ana Sudário Lemos,
da área de saúde do ministério.
Outra possível razão, para o ginecologista Osmar Colás, é o nível
de informação dessas adolescentes. "Elas procuram mais essas alternativas e acabam aparecendo
nas estatísticas", diz ele, que também acha que o principal motivo
para esse crescimento é o aumento
da gravidez entre adolescentes.
Planejamento familiar
A partir desses dados, o ministério recomenda aos hospitais que
realizem um atendimento diferenciado para as adolescentes que fazem curetagem no SUS. "Quando
elas chegam ao hospital, o aborto
já foi feito. Essa adolescente precisa então de apoio psicológico e de
saúde", diz a técnica.
Segundo Ana, a adolescente que
passa pelo SUS com complicações
decorrentes de um aborto passa a
fazer parte do público-alvo dos
programas de planejamento familiar da rede pública. Segundo Ana,
cada Estado é orientado a fazer o
atendimento, mas não há um modelo único. "O que importa é que
a adolescente preserve a saúde."
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