São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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POLÍCIA
Premiação de atos de bravura será revogada pela Secretaria da Segurança do Rio; extorsão também será punida
PM acusado de tortura perde gratificação

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

O secretário de Estado da Segurança Pública do Rio, coronel Noaldo Alves Silva, determinou ontem que policiais militares presos sob acusações de tortura e extorsão percam de imediato suas gratificações por atos de bravura.
Dos nove PMs presos na sexta-feira passada em flagrante sob essas acusações, pelo menos dois perderão suas gratificações: os sargentos do Serviço Reservado do 9º BPM (Batalhão de Polícia Militar) Hermes Ramos de Carvalho e Harley Pereira.
Eles foram promovidos e gratificados recentemente por supostos atos de bravura. Silva mandou que a situação dos outros sete PMs fosse investigada, para saber se também têm gratificações.
Além disso, o Comando Geral da Polícia Militar determinou que os nove presos em flagrante respondam ao Conselho Disciplinar da PM. Em até 30 dias, o conselho poderá decidir pela expulsão desses policiais da corporação.
Os nove PMs responderão também na Justiça comum pela suposta prática de crimes hediondos, como tortura e extorsão. Eles foram presos em duas operações comandadas pela 1ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar). Denúncias de supostas vítimas provocaram as prisões.
Os PMs perderam o privilégio de ser julgados pela Auditoria de Justiça Militar. Para o chefe da 1ª DPJM, coronel Valdemir Martins da Silva, eles são culpados. Todos se disseram inocentes.
O primeiro grupo de PMs (dois sargentos, dois cabos e um soldado do 22º BPM, em Benfica, zona norte) está sendo acusado de prender ilegalmente e torturar o pedreiro José Nilton Gomes, 38.
Ele teria sido confundido com um traficante da favela Nelson Mandela, em Bonsucesso (zona norte), e preso. Os PMs teriam exigido R$ 10 mil para libertá-lo.
O coronel Martins afirmou que, após receber denúncia de uma irmã do pedreiro, agentes da 1ª DPJM prenderam os PMs em flagrante. Eles haviam marcado um encontro com a irmã do pedreiro para negociar a sua libertação.
O segundo caso envolve dois sargentos e dois soldados (um deles é mulher) do Serviço Reservado do 9º BPM. Três rapazes denunciaram que, no último dia 17, haviam sido sequestrados e espancados por esses PMs.
Moradores do conjunto habitacional Cidade de Deus, em Jacarepaguá (zona oeste), os três foram acusados de assalto. Levados pelos PMs, disseram que foram espancados e tiveram relógios, pulseiras e dinheiro roubados.
Os quatro PMs teriam então exigido R$ 2.000 para que não voltassem a importunar os três. Segundo o coronel Martins, os PMs foram presos em flagrante quando exigiam o dinheiro.



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