São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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MEIO AMBIENTE
Segundo maior incêndio já registrado no local foi provocado pela queima de lixo de um morador
Fogo queima um terço de parque em Brasília

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

Um terço do Parque Nacional de Brasília já foi devastado por um incêndio que começou no sábado passado a partir da queima de lixo feita por um morador vizinho.
A Polícia Federal instaurou inquérito para indiciar o responsável pelo incêndio. O principal suspeito é um funcionário da Companhia de Água e Esgotos de Brasília.
Apesar da rápida mobilização de 300 homens para combater o fogo, o incêndio está sem controle depois de ter atingido 10 mil hectares, área equivalente a 14 mil campos de futebol.
Participam da operação o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a Brigada Antifogo do Ibama, a Patrulha Ecológica da Polícia Militar e a Polícia Federal.
Três helicópteros estão sendo usados para o transporte de homens e de água. Um dos helicópteros transporta um recipiente com 500 litros de água, que é levado para as áreas mais críticas.
O responsável pelo incêndio deverá ser indiciado por crime previsto no artigo 41 da lei ambiental, publicada em fevereiro deste ano. Esse artigo prevê penas de seis meses a quatro anos para quem provocar incêndio em mata ou floresta, além de multas.
O fogo está matando a fauna do parque. Dois tamanduás-bandeira, espécie ameaçada de extinção, foram encontrados pelo Ibama. Um deles foi morto pelas chamas. O outro teve a pele chamuscada e foi enviado para o Zoológico de Brasília.
"Deverá haver punição exemplar porque há quatro anos estamos alertando sobre o perigo de fogo perto do parque", disse o diretor de Ecossistemas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Ricardo Soavinski.
Na noite de ontem começou a chover em Brasília. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, não chovia na cidade há 35 dias. Isso facilitou a propagação do incêndio, além da ação do vento.
Até a noite de ontem, Brasília estava encoberta por névoa seca e por uma camada de fumaça procedente do incêndio no parque. O clima é semelhante ao das cidades da Amazônia, como Alta Floresta (MT), que ficam cobertas por fumaça nessa época do ano por causa das queimadas.
Esse é o segundo maior incêndio já registrado no Parque Nacional de Brasília. Em 1994, cerca de 70% do parque foi destruído pelo fogo.
Os dias 16 e 17 de setembro, com picos de 33C, foram os mais quentes em Brasília desde 1965, quando começou a funcionar o serviço de medição da temperatura. No dia 15, a umidade relativa do ar chegou a apenas 12%, a mais baixa do ano. O nível de umidade vem aumentando, mas não impediu a propagação do fogo porque a vegetação ainda está muito seca.



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