São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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Ex-financista fabrica fantasias

DA SUCURSAL DO RIO

Trocar um emprego estável no mercado financeiro para se dedicar exclusivamente a um ateliê de confecção de fantasias para o Carnaval pode parece loucura, mas foi a opção tomada por Ricardo Wandeveld, 41.
Ele trabalhava no fundo de pensão Aeros, dos funcionários da Varig, e tocava paralelamente seu ateliê. Até que desenvolveu síndrome do pânico e sofreu um infarto aos 34 anos. "Não agüentei o estresse e o acúmulo de trabalho. Optei por me dedicar somente ao Carnaval. Estou hoje mais feliz."
Wandeveld faz fantasias para Salgueiro, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Império Serrano e Caprichosos de Pilares. Ele compra das escolas o protótipo da fantasia por cerca de R$ 1.500 -as peça têm de seguir à risca o modelo original desenhado pelo carnavalesco. Arca com todos os custos de confecção e fica responsável pela comercialização das roupas. "Se encalhar, tenho prejuízo, embora isso dificilmente aconteça."
O empresário vende cada fantasia pelo preço médio de R$ 400. Paga R$ 600 a suas costureiras e R$ 800 à chefe da oficina.
Ele diz que atualmente vive apenas com o dinheiro que consegue ganhar com o ateliê. O trabalho é intenso de setembro a fevereiro. No resto do ano, faz pequenos trabalhos em sua confecção.
Sérgio Eduardo Silva é outro profissional do Carnaval. Há cinco anos trabalha com alegorias. Egresso da Portela, passou a chefiar neste ano a pequena equipe de decoradores de carros da Unidos da Tijuca. Antes, trabalhava como auxiliar administrativo.
"Sempre gostei muito de Carnaval. Fiz até um curso universitário. Foi lá que tive a primeira oportunidade", conta.
Ele afirma que ganha o suficiente para se manter. "É mais do que o salário de um médico da Prefeitura do Rio." Ele não quis revelar seu rendimento.
Empregada no ateliê da Tijuca, Andréa Fernandes, 30, deixou a fábrica na qual trabalhava também como costureira para fazer fantasias e adereços. Diz que a ocupação atual é mais "divertida", embora o volume de trabalho seja maior.
Sua colega de ateliê, Edna Santos, 53, afirma que está satisfeita com o trabalho, que realiza desde 1985. "Se estivesse por aí, ganharia o mínimo. Como costureira, há a garantia do piso, que é de R$ 385". A escola, conta, paga mais, sem revelar quanto. (PS)

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