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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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Rede de bancos de sangue não saiu do papel

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de estar regulamentada desde 2000, a rede nacional de bancos de sangue de cordão umbilical e placentário ainda não saiu do papel. Seis bancos de sangue do país -cinco públicos e um privado- estão cadastrados.
Segundo os médicos responsáveis por esses bancos, a rede ainda não decolou porque o Ministério da Saúde não paga os custos da coleta e do armazenamento das células-tronco, estimados em US$ 1.000 por amostra.
Quando estiver funcionando, a proposta da rede é fazer um cruzamento de informações entre o Redome e os bancos de sangue cadastrados para identificar entre as unidades de sangue armazenadas em cada local um doador compatível.
De forma isolada, cada um desses serviços cadastrados estão coletando e armazenando células sanguíneas de cordão umbilical, o que, do ponto de vista de saúde pública, não tem o menor efeito, segundo Marco Antonio Zago, o superintendente do hemocentro do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que integra a rede.
O banco de sangue do Inca tem cerca de 200 amostras de células de cordão umbilical congeladas. Segundo Luiz Fernando Bouças, coordenador do banco, o material foi doado por mulheres que deram à luz na maternidade municipal Carmela Dutra, no Rio.
A partir do próximo mês, outra maternidade carioca, a Pró Mater, também fornecerá sangue de cordão ao banco do Inca. O local, afirma Bouças, tem capacidade para armazenar até 4.000 amostras de sangue, o que aumentaria as chances de compatibilidade entre pessoas.
Nos últimos dois anos, o serviço realizou 11 transplantes de medula usando células do cordão umbilical obtidas em países da Europa e dos EUA ou de parentes do doente.
O processo de transplante das células-tronco do cordão umbilical é semelhante ao utilizado para os casos de transplante tradicional da medula, ou seja, após um regime de preparação com quimioterapia e/ ou radioterapia, o paciente recebe as células-tronco por meio de uma transfusão.
No Hospital Albert Einstein, que também faz parte da rede nacional de bancos de sangue, foram realizados 20 transplantes nos últimos três anos. O banco de cordão umbilical mantém 300 amostras de sangue congeladas.
Segundo o hematologista Nelson Hamerschlak, o banco funciona de forma experimental enquanto aguarda o início oficial do funcionamento da rede. O custo de manutenção das amostras está sendo bancado pelo próprio hospital.
O Einstein também está desenvolvendo um projeto de pesquisa que visa utilizar experimentalmente as células de cordão umbilical em tratamento de deficiências genéticas e auto-imunes.

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