São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

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Dono de quiosque deixava cana ao ar livre

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NAVEGANTES (SC)

A cana-de-açúcar usada para fazer o caldo que contaminou 94% das pessoas no surto do mal de Chagas em Santa Catarina ficava acumulada ao relento, numa clareira junto à mata fechada, no quintal do quiosque Barracão Penha 2, em Navegantes.
O quiosque é apontado pela Vigilância Sanitária do Estado como o foco do surto da doença. O estabelecimento continua aberto, apenas proibido de vender caldo de cana, como todos os garapeiros de Santa Catarina.
Na quinta-feira passada, na clareira que leva à mata, ainda havia restos de cana jogados. Uma caçamba depositada no terreno armazenava mais rejeitos de cana.
Nesse dia, a Folha acompanhou os agentes de saúde que procuravam animais silvestres e o inseto barbeiro para reconstruir a história do surto.
O dono do quiosque tentou cercear o trabalho da reportagem, impedindo fotos e se recusando a dar entrevista. Não se identificou. "A imprensa está deturpando as coisas", alegou.
Mas respondeu que, até o surto atual, nunca havia tido problemas com a vigilância sanitária. Não quis dizer, porém, quando recebeu a última visita de um agente.
A água para o gelo adicionado ao caldo e usada na limpeza das vasilhas vem de um poço comum na propriedade, mas nenhuma análise indicou que possa ter sido o foco da contaminação.
De boa aparência, o quiosque faz parte de um complexo de lojas que fica na margem esquerda da BR-101 (sentido sul), próximo do acesso ao balneário de Penha e do parque Beto Carreiro World.
O comando da investigação acredita que o barbeiro contaminado tenha se abrigado em lascas da cana, onde depositou as fezes, ou que, atraído pela luz artificial, o inseto acabou triturado com a cana nas máquinas de moagem.
O caldo de cana é um hábito do litoral de Santa Catarina. No "rodízio", a pessoa paga um preço fechado de até R$ 2 e consome caldo até se fartar.


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