|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dono de quiosque deixava cana ao ar livre
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NAVEGANTES (SC)
A cana-de-açúcar usada para fazer o caldo que contaminou 94%
das pessoas no surto do mal de
Chagas em Santa Catarina ficava
acumulada ao relento, numa clareira junto à mata fechada, no
quintal do quiosque Barracão Penha 2, em Navegantes.
O quiosque é apontado pela Vigilância Sanitária do Estado como
o foco do surto da doença. O estabelecimento continua aberto,
apenas proibido de vender caldo
de cana, como todos os garapeiros de Santa Catarina.
Na quinta-feira passada, na clareira que leva à mata, ainda havia
restos de cana jogados. Uma caçamba depositada no terreno armazenava mais rejeitos de cana.
Nesse dia, a Folha acompanhou
os agentes de saúde que procuravam animais silvestres e o inseto
barbeiro para reconstruir a história do surto.
O dono do quiosque tentou cercear o trabalho da reportagem,
impedindo fotos e se recusando a
dar entrevista. Não se identificou.
"A imprensa está deturpando as
coisas", alegou.
Mas respondeu que, até o surto
atual, nunca havia tido problemas
com a vigilância sanitária. Não
quis dizer, porém, quando recebeu a última visita de um agente.
A água para o gelo adicionado
ao caldo e usada na limpeza das
vasilhas vem de um poço comum
na propriedade, mas nenhuma
análise indicou que possa ter sido
o foco da contaminação.
De boa aparência, o quiosque
faz parte de um complexo de lojas
que fica na margem esquerda da
BR-101 (sentido sul), próximo do
acesso ao balneário de Penha e do
parque Beto Carreiro World.
O comando da investigação
acredita que o barbeiro contaminado tenha se abrigado em lascas
da cana, onde depositou as fezes,
ou que, atraído pela luz artificial, o
inseto acabou triturado com a cana nas máquinas de moagem.
O caldo de cana é um hábito do
litoral de Santa Catarina. No "rodízio", a pessoa paga um preço fechado de até R$ 2 e consome caldo até se fartar.
Texto Anterior: Governo decide regular venda de caldo Próximo Texto: Saúde na UTI: Rio atrasa salário e culpa União Índice
|