São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresários também atuam em cidades do interior de São Paulo e de outros Estados

Empresa reclama da falta de lucro

DA REPORTAGEM LOCAL

Nas garagens das viações, os quatro empresários que controlam os ônibus em São Paulo são chamados de mineiros (Constantino e Niquini) e portugueses (Ruas e Belarmino). Eles estão entre os líderes do transporte urbano, atuando em outras cidades e Estados do país. Também são tidos como "chorões".
"Eles nunca estiveram satisfeitos com os lucros. Reclamavam até mesmo na época em que transportavam 150 milhões de passageiros por mês. Mas nunca abriram mão desse mercado", diz Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo.
Esses empresários evitam falar com a imprensa, não gostam de ser fotografados e não revelam todos os negócios nos quais investem. A Folha tentou contatar representantes dos grupos Ruas e Belarmino desde a última terça-feira. Não obteve respostas.
O líder da família Constantino, "seu" Nenê, também é avesso a jornalistas. Seus quatro filhos e três filhas costumam administrar os negócios do grupo em Brasília, capital e interior de São Paulo e, principalmente, Minas Gerais.
Joaquim Constantino, um dos representantes do pai em São Paulo, diz que começaram a operar transporte em 1957. Onze anos mais tarde, foram para o interior e para a Grande São Paulo. Em 1984, chegaram à capital.
"É difícil encontrar transporte urbano lucrativo hoje em dia. A tendência é concentrar as atividades nas viações rodoviárias e intermunicipais, que estão mais estabilizadas", afirma Joaquim, citando os negócios da família no ABC, Santos e Sorocaba.
Romero Niquini, também mineiro, recebeu a reportagem na última quinta. Estava acompanhado de Antonio Sampaio Amaral Filho, diretor jurídico do Transurb, e Jorge Fukuda, que trabalhava na SPTrans nos últimos anos e hoje se define como "consultor independente".
"Os empresários de São Paulo são muito sérios. Eles devem ser exemplo para o Brasil. São parceiros, sabem o que estão fazendo", afirma. "Depois que eu entrei, nunca comprei um ônibus novo. Isso é uma incompetência minha. Se não dava, era para ter parado."
Niquini está no ramo há apenas 30 meses. Na capital paulista, chegou menos de dois anos atrás, substituindo Baltazar José de Souza. Ele também é proprietário de viações no interior do Estado e em Minas Gerais. Trabalha ainda com empresas de lixo no litoral. "Esse negócio de comprar e vender empresa é meu "métier'", diz.
Os portugueses Belarmino e Ruas são os que mais concentram suas bases em São Paulo. Os lucros do primeiro dependem sobretudo da capital e de Campinas. Os Ruas, que em São Paulo têm sociedades com Carlos de Abreu, também estão na região metropolitana e na Baixada Santista.
No ano passado, eles começaram a transferir viações como a Penha São Miguel para cidades do Uruguai. Essas operações protegem os sócios se houver um arresto para pagamento de dívidas das empresas. Assim como os demais grupos, os Ruas acumulam débitos referentes a contribuições ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). (AI)




Texto Anterior: Transporte: Empresário sucateia frota e amplia negócios
Próximo Texto: Licitação não evitará grupos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.