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Setor tem ala de independentes
DA REPORTAGEM LOCAL
A pressão dos quatro grupos
que controlam 60% do transporte
de ônibus em São Paulo pôde ser
sentida pela administração petista
no começo deste mês.
A prefeitura liberou R$ 6 milhões de subsídio para tentar garantir os depósitos dos salários
previstos para dia 5, evitando paralisação de motoristas e cobradores. Apenas 14 das 49 empresas
pagaram integralmente os trabalhadores. Dessas, 11 eram viações
independentes. A greve prejudicou 1,6 milhão de passageiros.
Os empresários argumentavam
que a subvenção teria que ser de
R$ 15 milhões. Nenhuma viação
dos grupos Constantino, Niquini
e Belarmino fez os depósitos integrais. Das que são ligadas aos
Ruas, apenas 3 das 13 pagaram.
Após dizer que a paralisação havia sido combinada entre empregados e patrões, Marta multou os
empresários em R$ 1,2 milhão,
chamando-os de "bando".
Além de confirmar o poder de
articulação dos grandes grupos, a
greve serviu para identificar as
viações independentes que não
aderem às orientações do Transurb (sindicato das empresas).
Os empresários que comandam
a Paratodos, Kuba, Gato Preto e
Santa Brígida são alguns dos que
resistem, embora não declarem
oposição aberta à entidade.
"Não há motivo para participar
de determinadas reuniões, entre
aspas", afirma Wallace Alves Siqueira, 71, que é dono da viação
Paratodos desde 1958.
Essa empresa é citada por sindicalistas como modelo pela forma
como trata motoristas e cobradores. Siqueira diz que não tem lucros há três anos, mas que sua
prioridade é pagar os funcionários. "Pagar em dia não é nenhuma qualidade, é uma obrigação."
Essa posição, porém, não pode
ser generalizada a todas as 23 viações independentes. Entre os motivos que contribuíram para a crise do setor estão a entrada de
"aventureiros" e as constantes
mudanças no comando das empresas de ônibus. A Georgia, por
exemplo, está sob intervenção da
prefeitura por causa de dívidas
com funcionários.
(AI)
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