São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

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Setor tem ala de independentes

DA REPORTAGEM LOCAL

A pressão dos quatro grupos que controlam 60% do transporte de ônibus em São Paulo pôde ser sentida pela administração petista no começo deste mês.
A prefeitura liberou R$ 6 milhões de subsídio para tentar garantir os depósitos dos salários previstos para dia 5, evitando paralisação de motoristas e cobradores. Apenas 14 das 49 empresas pagaram integralmente os trabalhadores. Dessas, 11 eram viações independentes. A greve prejudicou 1,6 milhão de passageiros.
Os empresários argumentavam que a subvenção teria que ser de R$ 15 milhões. Nenhuma viação dos grupos Constantino, Niquini e Belarmino fez os depósitos integrais. Das que são ligadas aos Ruas, apenas 3 das 13 pagaram.
Após dizer que a paralisação havia sido combinada entre empregados e patrões, Marta multou os empresários em R$ 1,2 milhão, chamando-os de "bando".
Além de confirmar o poder de articulação dos grandes grupos, a greve serviu para identificar as viações independentes que não aderem às orientações do Transurb (sindicato das empresas).
Os empresários que comandam a Paratodos, Kuba, Gato Preto e Santa Brígida são alguns dos que resistem, embora não declarem oposição aberta à entidade.
"Não há motivo para participar de determinadas reuniões, entre aspas", afirma Wallace Alves Siqueira, 71, que é dono da viação Paratodos desde 1958.
Essa empresa é citada por sindicalistas como modelo pela forma como trata motoristas e cobradores. Siqueira diz que não tem lucros há três anos, mas que sua prioridade é pagar os funcionários. "Pagar em dia não é nenhuma qualidade, é uma obrigação."
Essa posição, porém, não pode ser generalizada a todas as 23 viações independentes. Entre os motivos que contribuíram para a crise do setor estão a entrada de "aventureiros" e as constantes mudanças no comando das empresas de ônibus. A Georgia, por exemplo, está sob intervenção da prefeitura por causa de dívidas com funcionários. (AI)




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