São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2010

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Mais violento, Brás tem até código antifurto

Apontado como campeão de homicídios em pesquisa de médicos da USP, bairro também enfrenta onda de furtos e assaltos

Morador levanta limpador de para-brisas dos carros para ser poupado pelos ladrões; violência supera a de áreas periféricas da cidade

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um posto de combustíveis assaltado 12 vezes em um ano. Moradores que precisam identificar seus veículos para que não sejam furtados. Mães choram assassinatos. As três situações foram encontradas pela Folha no Brás, apontado por um estudo do Hospital Universitário da USP como o bairro mais violento de São Paulo.
Nos últimos três anos, o tradicional bairro da região central ficou com a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes da cidade -140-, o que o coloca no topo do ranking das mortes violentas, conforme um levantamento realizado pelos médicos Paulo Lotufo e Isabela Bensenor, do HU da USP.
A pesquisa se baseou em dados do Programa de Aprimoramento de Informações de Mortalidade da prefeitura e levou em conta o local de moradia das principais vítimas -homens de 15 a 44 anos.
Conhecido pelo intenso comércio e por reunir diversas moradias temporárias, o Brás superou regiões que, na década de 1990, eram as mais violentas, como Jardim Ângela e Capão Redondo, bairros localizados no extremo sul da cidade.
Para policiais que atuam na região, o alto fluxo de pessoas e o reduzido investimento no combate aos homicídios no bairro justificam a mudança.

Crime na rua
Pelas ruas do Brás, é comum ouvir relatos de assaltos, furtos e assassinatos. O frentista de um posto do bairro diz que já se acostumou a ser vítima de assaltos a mão armada -foram 12, só no ano passado, nem todos registrados na polícia. "Já estou calejado, mas, mesmo assim, tenho medo", relatou.
Recentemente, os moradores adotaram um código imposto por criminosos. Quem não quiser ter seu carro furtado deve levantar o limpador de para-brisas. "Assim, eles [ladrões] sabem quem é morador e quem é visita. [Nos carros] Dos moradores ninguém faz nada. Mas, se é de fora, pode perder o toca-fitas ou o carro", diz um lojista.
Apesar dos assaltos e furtos, o que está mais vivo na mente dos moradores é o assassinato de dois jovens no meio da rua. "Era para matar uma outra pessoa, que tinha relação com drogas. Mas confundiram com meu filho, que era um trabalhador", disse uma das mães.


Colaborou EVANDRO SPINELLI , da Reportagem Local


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