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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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SEGURANÇA

Secretário Garotinho determina a prisão dos 13 PMs que estavam de madrugada na unidade e exonera o comandante

Traficante foge no Rio por portão de quartel

Marcos Tristão/Agência "O Globo"
O secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho


TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O traficante Cláudio Roberto Moreira Pacheco, 37, o Sussuquinha, fugiu ontem de madrugada pelo portão da frente do quartel do Batalhão de Choque da Polícia Militar no Estácio, na zona norte do Rio. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, Sussuquinha serrou duas grades da cela, atravessou o pátio do quartel, onde havia sentinelas armadas de fuzil, e saiu pelo portão -o único acesso ao batalhão e sempre protegido por policiais armados com pistolas e fuzis.
O secretário Anthony Garotinho determinou a prisão dos 13 policiais militares que estavam na unidade de madrugada e exonerou o comandante do batalhão, coronel Jorge Duarte.
Sussuquinha, que seria ligado à facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital), estava no Batalhão de Choque desde o dia 2 deste mês.
Ele havia sido transferido da Polinter (Polícia Interestadual) para o batalhão. A transferência teria sido pedida pela direção da Polinter. Sussuquinha alegava ser ameaçado de morte por duas facções criminosas fluminenses: o TC (Terceiro Comando) e o CV (Comando Vermelho).
Condenado por tráfico de drogas, sequestro e homicídio, o criminoso esteve preso em São Paulo de fevereiro do ano passado a abril deste ano em razão das supostas ameaças.
Garotinho disse ontem de manhã que foi "uma promotora" quem pediu a transferência dele para o batalhão da Polícia Militar.
No fim da tarde, o Ministério Público do Rio divulgou nota negando que a transferência tenha sido pedida por uma promotora.
Segundo a nota, além das questões de segurança, a Polinter fez o pedido porque "o detento estava colaborando com a polícia nas investigações do assassinato da ex-diretora da penitenciária de segurança máxima Bangu 1 Sidneya dos Santos de Jesus", em setembro de 2000. Sussuquinha é acusado de ser um dos mandantes.
O comandante da Polícia Militar, coronel Renato Hottz, disse que Sussuquinha era o único preso civil do batalhão.
"Ele se indispôs com dois grupos de traficantes rivais. Por ele deter informações importantes para a polícia, foi determinada a transferência para o Batalhão de Choque", afirmou Hottz.
Apesar da fuga, o comandante da PM afirmou que o Batalhão de Choque é seguro.
"Todos os quartéis da PM têm segurança. Só não existe segurança nos quartéis da PM, e isso vale para presídios também, se houver conivência [de policiais com criminosos]", declarou.
Os 13 policiais, de acordo com Hottz, ficarão presos por 30 dias e responderão a IPM (Inquérito Policial Militar) por facilitação de fuga. Eles prestaram depoimento, mas, até a conclusão desta edição, a Polícia Militar não havia divulgado o que eles declararam.

O quartel
No ano passado, ficaram presos no batalhão seis líderes do Comando Vermelho, entre eles Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, após a morte de quatro traficantes do Terceiro Comando no presídio de Bangu 1, em 11 de setembro.
Uma semana depois, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, acusado da morte do jornalista Tim Lopes, foi preso e levado para o batalhão. Considerado de alta segurança, o batalhão abrigou os presos por 42 dias.
No quartel também funcionam o 1º BPM (Batalhão de Polícia Militar), o Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel), a Companhia de Músicos da PM, o Centro de Manutenção, a Diretoria de Assistência Social da PM, o arquivo e a gráfica. Segundo a polícia, a guarda do quartel e a carceragem são de responsabilidade do Batalhão de Choque.


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