São Paulo, Domingo, 30 de Maio de 1999
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ARQUITETURA
Projeto prevê edifício de 494 m e 103 andares no centro de SP
Prédio mais alto do mundo assusta arquiteto brasileiro

ALESSANDRA BLANCO
da Reportagem Local

Uma altura de 494 metros, 103 andares, 1,3 milhão de m2 ou o equivalente a 70 quarteirões. US$ 1,65 bilhão de investimentos.
Se as proporções do prédio mais alto do mundo -um projeto conjunto da Brasilinvest com o Maharishi Global Development Fund (MGDF), fundo internacional de investimentos imobiliários de Nova York- já assustam, muito mais assustados estão os arquitetos brasileiros com o impacto urbano que isso pode causar sobre o centro de São Paulo, área escolhida para receber o empreendimento.
Os investidores já informaram que estão interessados na área que envolve a "cracolândia" para também "cumprir um projeto social", que é o de revitalizar o centro da cidade. Anunciaram que têm interesse na região da rua Conselheiro Lafaiette, rua dos Trilhos, avenida do Estado, avenida Dom Pedro 1º, rua da Cantareira, entre outras, área que envolve do parque Dom Pedro 1º até o Brás e a Mooca.
Para liberar, entretanto, 70 quarteirões nessa região, "só contando com a desapropriação em parceria com a prefeitura", segundo Celso de Sampaio Amaral, diretor comercial da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliação. Ou enfrentando a especulação imobiliária que já começou na região.
Esse é só o primeiro problema da São Paulo Tower, que o diretor superintendente do Grupo Brasilinvest, Luiz Cezar de Macedo Soares, espera resolver em três meses. A construção deve começar no ano 2000 e estar pronta em 2005.
Quando isso acontecer, 50 mil pessoas vão circular por dia entre os quatro andares em que funcionará um shopping center, os dez andares que comportarão uma universidade, os 110 mil m2 de espaço para exposições, os 75 mil m2 para convenções, os quatro hotéis e todo o restante para flats, escritórios e apartamentos.
Para comportar tudo isso, os investidores também já planejaram garagens com 40 mil vagas para veículos, uma estação de metrô e um ponto de ônibus.
"Imagine o impacto que isso terá sobre a cidade. Todos os melhores preceitos da arquitetura dizem que o empreendimento é que deve ser adequado ao local em que ficará. Aqui é o contrário: a cidade terá de se adaptar a esse prédio, que já vem com uma cara que não tem nada a ver com a arquitetura brasileira", diz o arquiteto Paulo Bastos.
Para a arquiteta Regina Meyer, a altura do prédio é o menos importante. "Será um objeto desorganizador do centro, porque ele não olha em volta, é uma espécie de negação do resto da cidade."
Mais favorável ao projeto, o arquiteto Cândido Malta coloca a importância de ter em São Paulo uma torre que sirva de marco da cidade. "Claro que é importante estar junto de um grande sistema de transporte coletivo. Mas sou favorável a grandes torres em São Paulo. Cabe urbanisticamente e fica bonito", disse Cândido Malta.
"Sou a favor da verticalização. Existem áreas centrais que têm toda a infra-estrutura. Seria saudável a revitalização", diz a arquiteta Nádia Somekh.


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