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ARQUITETURA
Projeto prevê edifício de 494 m e 103 andares no centro de SP
Prédio mais alto do mundo assusta arquiteto brasileiro
ALESSANDRA BLANCO
da Reportagem Local
Uma altura de 494 metros, 103
andares, 1,3 milhão de m2 ou o
equivalente a 70 quarteirões. US$
1,65 bilhão de investimentos.
Se as proporções do prédio mais
alto do mundo -um projeto conjunto da Brasilinvest com o Maharishi Global Development Fund
(MGDF), fundo internacional de
investimentos imobiliários de Nova York- já assustam, muito mais
assustados estão os arquitetos brasileiros com o impacto urbano que
isso pode causar sobre o centro de
São Paulo, área escolhida para receber o empreendimento.
Os investidores já informaram
que estão interessados na área que
envolve a "cracolândia" para também "cumprir um projeto social",
que é o de revitalizar o centro da cidade. Anunciaram que têm interesse na região da rua Conselheiro
Lafaiette, rua dos Trilhos, avenida
do Estado, avenida Dom Pedro 1º,
rua da Cantareira, entre outras,
área que envolve do parque Dom
Pedro 1º até o Brás e a Mooca.
Para liberar, entretanto, 70 quarteirões nessa região, "só contando
com a desapropriação em parceria
com a prefeitura", segundo Celso
de Sampaio Amaral, diretor comercial da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliação. Ou enfrentando a especulação imobiliária
que já começou na região.
Esse é só o primeiro problema da
São Paulo Tower, que o diretor superintendente do Grupo Brasilinvest, Luiz Cezar de Macedo Soares,
espera resolver em três meses. A
construção deve começar no ano
2000 e estar pronta em 2005.
Quando isso acontecer, 50 mil
pessoas vão circular por dia entre
os quatro andares em que funcionará um shopping center, os dez
andares que comportarão uma
universidade, os 110 mil m2 de espaço para exposições, os 75 mil m2
para convenções, os quatro hotéis
e todo o restante para flats, escritórios e apartamentos.
Para comportar tudo isso, os investidores também já planejaram
garagens com 40 mil vagas para
veículos, uma estação de metrô e
um ponto de ônibus.
"Imagine o impacto que isso terá
sobre a cidade. Todos os melhores
preceitos da arquitetura dizem que
o empreendimento é que deve ser
adequado ao local em que ficará.
Aqui é o contrário: a cidade terá de
se adaptar a esse prédio, que já
vem com uma cara que não tem
nada a ver com a arquitetura brasileira", diz o arquiteto Paulo Bastos.
Para a arquiteta Regina Meyer, a
altura do prédio é o menos importante. "Será um objeto desorganizador do centro, porque ele não
olha em volta, é uma espécie de negação do resto da cidade."
Mais favorável ao projeto, o arquiteto Cândido Malta coloca a
importância de ter em São Paulo
uma torre que sirva de marco da
cidade. "Claro que é importante
estar junto de um grande sistema
de transporte coletivo. Mas sou favorável a grandes torres em São
Paulo. Cabe urbanisticamente e fica bonito", disse Cândido Malta.
"Sou a favor da verticalização.
Existem áreas centrais que têm toda a infra-estrutura. Seria saudável
a revitalização", diz a arquiteta Nádia Somekh.
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