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ÊXODO BRASILEIRO
Números fazem parte de pesquisa inédita do Itamaraty
Mais de 100 mil deixam o país por ano
DA FOLHA ONLINE
Mais de 100 mil brasileiros deixam o país por ano -número
que lota um Maracanã. A tendência é de aumento desse êxodo.
Nos últimos cinco anos, a população emigrante cresceu 33%. Hoje
mais de 2 milhões moram no exterior, de acordo com pesquisa,
ainda inédita, do Itamaraty.
O levantamento do Itamaraty
sobre os brasileiros no exterior é
feito com base nos dados enviados pelas 162 embaixadas e consulados. Reflete as estimativas de
autoridades locais para o número
de pessoas em situação irregular.
O balanço completo de 2002 está
na fase final de compilação.
O Ministério de Relações Exteriores pondera que os números
são estimativas, já que o indicador
é flutuante e de difícil contabilização devido ao elevado número de
clandestinos.
Hoje um terço dos emigrantes
brasileiros está clandestino, segundo o governo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os ilegais somam mais da metade da comunidade brasileira. A
partir do dia 15, entram em vigor
regras mais rígidas na concessão
de vistos temporários para o país.
A principal mudança: quase todos serão entrevistados. Exceções: autoridades e pessoas abaixo de 16 anos e acima de 60 anos.
Países pobres também atraem
os brasileiros. O vizinho Paraguai
é o segundo principal destino dos
emigrantes, conhecidos como
"brasiguaios", empregados geralmente nas plantações de soja.
Crise provoca fuga
Segundo empresas e entidades
que auxiliam a migração, os principais motivos do êxodo são a crise no mercado de trabalho e a piora das condições de vida nas cidades, como violência e caos urbano. "O brasileiro está descontente.
A gente só ouve falar em demissão e violência. Muitos se cansam
disso e acham o aeroporto a melhor saída", afirma o diretor da
empresa de recrutamento Workusa, Márcio Ferreira.
"Se o país voltar a crescer, criando oportunidades de renda, é
possível que muitos retornem e
outros desistam de migrar", diz o
prefeito de Governador Valadares
(MG), João Fassarela (PT). A cidade é famosa por "exportar"
mão-de-obra para os EUA.
Para o paulista Edmir Matusita,
30, que trabalha na Califórnia, no
primeiro mundo, é mais fácil sonhar com o futuro, crescer profissionalmente, levar uma vida tranquila. "O país oferece tudo, mesmo para quem está ilegal", diz.
Quem mora fora também ajuda
a economia do país. Em 2002, eles
mandaram US$ 4,6 bilhões - aumento de 10% em relação a 2001.
A cifra corresponde a 1% do PIB
brasileiro, de acordo com estudo
do BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento).
"O êxodo não é nocivo ao país.
Abre os horizontes da pessoa, que
adquire conhecimento e hábitos
novos", afirma o gerente da área
internacional do Banco do Brasil,
Eduardo Nascimento, 37.
(SÉRGIO RIPARDO)
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