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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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ÊXODO BRASILEIRO

Números fazem parte de pesquisa inédita do Itamaraty

Mais de 100 mil deixam o país por ano

DA FOLHA ONLINE

Mais de 100 mil brasileiros deixam o país por ano -número que lota um Maracanã. A tendência é de aumento desse êxodo. Nos últimos cinco anos, a população emigrante cresceu 33%. Hoje mais de 2 milhões moram no exterior, de acordo com pesquisa, ainda inédita, do Itamaraty.
O levantamento do Itamaraty sobre os brasileiros no exterior é feito com base nos dados enviados pelas 162 embaixadas e consulados. Reflete as estimativas de autoridades locais para o número de pessoas em situação irregular. O balanço completo de 2002 está na fase final de compilação.
O Ministério de Relações Exteriores pondera que os números são estimativas, já que o indicador é flutuante e de difícil contabilização devido ao elevado número de clandestinos.
Hoje um terço dos emigrantes brasileiros está clandestino, segundo o governo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os ilegais somam mais da metade da comunidade brasileira. A partir do dia 15, entram em vigor regras mais rígidas na concessão de vistos temporários para o país. A principal mudança: quase todos serão entrevistados. Exceções: autoridades e pessoas abaixo de 16 anos e acima de 60 anos.
Países pobres também atraem os brasileiros. O vizinho Paraguai é o segundo principal destino dos emigrantes, conhecidos como "brasiguaios", empregados geralmente nas plantações de soja.

Crise provoca fuga
Segundo empresas e entidades que auxiliam a migração, os principais motivos do êxodo são a crise no mercado de trabalho e a piora das condições de vida nas cidades, como violência e caos urbano. "O brasileiro está descontente. A gente só ouve falar em demissão e violência. Muitos se cansam disso e acham o aeroporto a melhor saída", afirma o diretor da empresa de recrutamento Workusa, Márcio Ferreira.
"Se o país voltar a crescer, criando oportunidades de renda, é possível que muitos retornem e outros desistam de migrar", diz o prefeito de Governador Valadares (MG), João Fassarela (PT). A cidade é famosa por "exportar" mão-de-obra para os EUA.
Para o paulista Edmir Matusita, 30, que trabalha na Califórnia, no primeiro mundo, é mais fácil sonhar com o futuro, crescer profissionalmente, levar uma vida tranquila. "O país oferece tudo, mesmo para quem está ilegal", diz.
Quem mora fora também ajuda a economia do país. Em 2002, eles mandaram US$ 4,6 bilhões - aumento de 10% em relação a 2001. A cifra corresponde a 1% do PIB brasileiro, de acordo com estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
"O êxodo não é nocivo ao país. Abre os horizontes da pessoa, que adquire conhecimento e hábitos novos", afirma o gerente da área internacional do Banco do Brasil, Eduardo Nascimento, 37.
(SÉRGIO RIPARDO)


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