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ADMINISTRAÇÃO
Câmara não votou projeto que tenta conter perda de arrecadação
Gestão Serra quer ir à Promotoria para emplacar novo ISS
DA REPORTAGEM LOCAL
Insatisfeito com o adiamento
da votação do projeto de lei que
muda a cobrança do ISS (Imposto
Sobre Serviços) em São Paulo, o
secretário de Finanças da gestão
José Serra (PSDB), Mauro Ricardo Costa, dirigiu ontem duras críticas aos vereadores e prometeu
recorrer ao Ministério Público Estadual para acabar com o que ele
chama de "pacto com a fraude".
O projeto de lei enviado por Serra à Câmara Municipal no dia 27
de abril tenta acabar com a perda
de arrecadação causada por empresas que instalam sede fictícia
em cidades vizinhas, onde a alíquota do ISS é menor, mas prestam seus serviços na capital.
Em São Paulo, o tributo varia de
2% a 5% sobre o serviço prestado.
Em cidades como Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, as
empresas chegam a pagar 0,74%.
A perda de arrecadação com a
manobra é de cerca de R$ 100 milhões ao ano, segundo Costa.
Escritórios de contabilidade
chegam a oferecer endereços a
empresas na internet. A Folha
tentou entrar em contato com alguns escritórios no início da noite, mas eles já estavam fechados.
Pelo projeto de lei da gestão Serra, a empresa que não estiver cadastrada na prefeitura -com endereço e local de atuação checados pelo município- não recolherá mais o ISS na cidade onde
está sua sede fictícia. Para que o
dinheiro fique em São Paulo, o
imposto será recolhido por quem
estiver contratando o serviço.
"Cada mês que passa, é um pacto com a fraude, e não podemos
aceitar isso de forma passiva",
afirmou Costa. "As únicas pessoas que vão ser prejudicadas [pelo projeto] são aquelas que estão
fraudando o fisco municipal e nós
não podemos ser cúmplices, nem
o Executivo nem o Legislativo",
acrescentou o secretário.
Para Costa, todas as explicações
sobre o projeto de lei foram dadas
aos vereadores nas duas audiências públicas realizadas pela Comissão de Finanças da Câmara.
Segundo o secretário, a prefeitura vai encaminhar no próximo
mês duas representações ao Ministério Público pedindo a investigação de supostas irregularidades na cobrança do ISS na região
metropolitana de São Paulo.
Sem acordo
As afirmações e o anúncio de
que recorrerá aos promotores foram feitas após o governo Serra
ver esgotadas as possibilidades de
votação do projeto do ISS antes
do recesso parlamentar de junho.
Está prevista para hoje a última
sessão antes do fim dos trabalhos.
Não há indicação de que o prefeito vá convocar os vereadores.
Ontem, eles se concentraram na
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Não chegaram a um acordo para colocar em pauta a mudança do imposto, apesar da insistência do prefeito, de seus auxiliares e das reuniões de líderes de
bancada realizadas pela manhã.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Roberto Tripoli
(sem partido), disse ontem que
faltaram "articulação e organização" do governo para que o projeto fosse votado. "Se não houve
trabalho do governo para [aprovar] o ISS, não é culpa da Câmara", afirmou o parlamentar. "A
Câmara tem procurado colaborar
com o Executivo", disse Tripoli,
citando as aprovações de projetos
enviados por Serra como o da reforma da previdência e da LDO.
O presidente da Câmara disse
que é a favor da aprovação do
projeto. "Mas compete ao governo conseguir maioria", disse ele.
(CONRADO CORSALETTE)
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