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ENSINO SUPERIOR
Nas públicas, apenas 21,6% dos alunos do primeiro ano da graduação mantêm atividade remunerada
48% dos calouros de particulares trabalham
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Instituições particulares de ensino superior, ao serem comparadas com universidades públicas,
receberam no ano passado um
maior número de alunos que trabalham, muitos deles em período
integral, filhos de pais com menor
escolaridade e vindos do ensino
médio público.
Dados do questionário socioeconômico do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) 2004 mostram que 47,7%
dos alunos da rede privada matriculados no primeiro ano da graduação trabalham, enquanto nas
públicas são 21,6%. Quando a resposta refere-se ao trabalho em período integral (40 horas semanais
ou mais), são 32,3% nas particulares contra 13,8% das públicas.
Em relação ao tipo de escola em
que o aluno cursou o ensino médio há uma inversão. Enquanto
51,7% dos ingressantes em universidades públicas vieram de escolas particulares, apenas 33%
dos universitários da rede privada
pagaram para cursar o médio.
Esses números foram obtidos
pela primeira vez pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Isso porque
o Enade, criado no governo Lula
para substituir o Provão, avalia
alunos matriculados no primeiro
e no último ano da graduação.
Não é possível a comparação com
anos anteriores, já que o Provão
englobava só formandos.
No ano passado, 83.661 ingressantes e 56.679 concluintes fizeram o Enade. São alunos de 2.184
cursos divididos em 13 áreas. Ao
divulgar os resultados do exame,
em maio, o Inep havia tabulado
apenas os dados gerais. Agora, separou os alunos pelas redes pública e particular.
Para o diretor de Estatísticas e
Avaliação da Educação Superior
do Inep, Dilvo Ristoff, esse perfil
reforça a necessidade de medidas
para democratizar o acesso ao ensino superior público, como a
abertura de mais vagas noturnas.
Dados do próprio MEC mostram que, entre 1995 e 2002, só
31% das novas vagas criadas nas
instituições públicas foram de
cursos noturnos. Na rede particular, a expansão foi de 67% no mesmo período. Atualmente, dos 2,27
milhões de vagas noturnas, 1,863
milhão são da rede particular.
"Os alunos com renda menor e
que precisam trabalhar acabaram, de certa forma, sendo levados à rede privada", diz Ristoff.
A segunda versão da proposta
de reforma universitária, que está
sendo discutida pelo Ministério
da Educação, prevê que as federais deverão oferecer pelo menos
um terço de seus cursos e matrículas no período da noite.
Para o presidente do Semesp
(Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de
Ensino Superior no Estado de São
Paulo), Hermes Ferreira Figueiredo, as instituições particulares democratizaram o acesso ao ensino
superior. "O aluno de renda mais
baixa, que ingressa com dificuldade, tem uma ascensão econômica
percebida rapidamente quando
termina o ensino superior."
Pelos dados do Enade, 74,1%
dos ingressantes nas instituições
pagas têm renda familiar de até
dez salários mínimos (R$ 3.000)
contra 69,4% das gratuitas.
O ministro Tarso Genro (Educação) disse ontem, após audiência pública no Senado, que está
sendo estudada a possibilidade de
parceria entre o governo federal e
instituições comunitárias de ensino superior para expandir vagas
públicas e gratuitas.
No início deste mês, o governo
já havia anunciado a extensão de
20 campi de universidades federais em 14 Estados, a formação do
Consórcio Universitário Metade
Sul e a criação de três instituições.
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