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Rogério Assis/Folha Imagem
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O motoqueiro Cláudio Alves Santos (à dir.), de Redenção (PA), vende o leite que compra direto do produtor a Antônio Luís Oliveira, com a vantagem do pagamento fiado e a desvantagem de o produto não ser pasteurizado
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SAÚDE
Embora não existam estudos específicos sobre o assunto, especialistas afirmam que o produto é causa de doenças
Leite clandestino pode provocar tuberculose
da Reportagem Local
Como o comércio clandestino
de laticínios corre solto pelo país,
é natural perguntar se o leite não
inspecionado está deixando o brasileiro doente.
A resposta ninguém sabe. Faltam estudos que tratem especificamente do assunto.
Tome-se o exemplo da diarréia.
"É causa significativa de morte no
Brasil, sobretudo em crianças com
menos de 5 anos", informa a enfermeira sanitarista Rejane Maria
de Souza Alves, responsável pela
área de doenças entéricas do Centro Nacional de Epidemiologia.
"Só que não possuímos estatísticas estabelecendo relações entre
os distúrbios intestinais e o consumo de laticínios."
Tente-se, então, que a enfermeira dê um parecer pessoal sobre o
tema. Ela afirmará, sem rodeios:
"Não tenho dúvidas de que o leite
cru é um importante desencadeador de diarréias".
O coordenador de pneumologia
sanitária do Ministério da Saúde,
Antonio Ruffino Netto, segue trilha idêntica.
Desconhece levantamentos que
associem os laticínios à transmissão da tuberculose. No entanto,
não hesita em dizer, com praticamente as mesmas palavras de Rejane: "Sem sombra de dúvida, o
leite cru é uma fonte importante
de infecção, embora não a única".
Ruffino ressalta que a incidência
de tuberculose vem aumentando
no país. Em 1996, registraram-se
85.860 casos, com 6.000 mortes.
"Os números de 1997, apesar de
ainda não consolidados, apontam
para cerca de 88.000 casos. A proporção de óbitos também deve
crescer."
Coliformes fecais
São muitas as maneiras de o leite
se contaminar. A vaca não saudável, por exemplo, lhe passa microrganismos que podem afetar os
seres humanos.
O bacilo da tuberculose é o mais
célebre, mas existe ainda a bactéria da brucelose, que provoca febre, anemia e suores noturnos.
Na ordenha, quando as tetas do
animal ou a mão do ordenhador
estão sujas, há o risco de o leite se
infectar com coliformes fecais
(que trazem diarréias) ou leveduras (que lesam a mucosa da boca,
causando "sapinhos").
Igualmente perigoso é o transporte sem refrigeração. Se ficar a
temperaturas maiores do que 5º C,
o produto cru pode assistir à rápida proliferação de microrganismos responsáveis por desarranjos
intestinais.
Uma prática comum entre criadores clandestinos -a de "batizar" o leite, para que renda
mais- arrisca a saúde do consumidor caso a fraude se faça com
água não potável.
Queijos e outros laticínios também se tornam transmissores de
doenças quando derivam de matéria-prima contaminada.
(AA)
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