São Paulo, domingo, 30 de agosto de 1998

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Fabricantes de queijo fraudam certificado

da Reportagem Local

O carimbo do governo na embalagem dos laticínios, garantia de que o produto passou pela fiscalização sanitária, já não garante tanto assim.
Fabricantes clandestinos de queijo estão falsificando o certificado -e o consumidor dificilmente percebe.
O Ministério da Agricultura em São Paulo detectou, entre junho de 1997 e julho de 1998, pelo menos dez casos de fraude, a maioria nas regiões de Campinas e Ribeirão Preto. A adulteração afeta principalmente queijos do tipo Minas, mussarela e ricota.
De acordo com a legislação brasileira, só é permitido vender laticínios que exibam um carimbo dos serviços de inspeção federal (SIF), estadual (SISP, por exemplo) ou municipal (SIM). Às siglas, associa-se sempre um número, que identifica o produtor nos cadastros do governo.
As fraudes, então, se concretizam de quatro maneiras:
* Os falsificadores reproduzem a embalagem, o rótulo e o número de uma queijaria que já fechou.
* Criam uma marca nova, mas usam o número de uma empresa legalizada que atua em outro ramo alimentício (um matadouro de suínos, uma avícola, um manipulador de pescados).
* Lançam uma marca nova e inventam o número.
* Copiam o rótulo e o número de um fabricante de queijo que ainda esteja no mercado.
"Não é apenas em São Paulo que as fraudes acontecem", avisa Danilo Casotti, responsável pelo serviço de inspeção do leite no Ministério da Agricultura. "Já constatamos o mesmo problema em outros pontos do país, como o Rio de Janeiro."
EM
/INT/0Classe social Os queijos com carimbo falso raramente aparecem nas grandes redes de supermercado. Preferem os estabelecimentos menores, onde é mais fácil entrar sem notas fiscais.
"Por outro lado, não escolhem classe social. Registramos ocorrências tanto nos bairros mais simples quanto nos nobres", diz Carlos Alberto Azevedo de Souza, que chefia a regional de Campinas do Ministério da Agricultura.
Ele conta que chega à maior parte dos casos com base em denúncias ou durante fiscalizações-surpresas no varejo.
Descoberta a maracutaia, o governo tira de circulação o produto fraudado e o destrói.
Pegar os falsificadores é mais difícil. Com frequência, os endereços das queijarias que constam dos rótulos revelam-se inexistentes.
(AA)



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