DA REPORTAGEM LOCAL

"O voto é a expressão romântica de uma esperança. Quem gerar a esperança de forma mais concreta leva o voto." A afirmação é do publicitário Roberto Duailibi, sócio de uma das maiores agências do país, a DPZ, e com a experiência de três campanhas políticas: de Tancredo Neves, de Franco Montoro e de Mário Covas.
Ele cita dois casos para exemplificar sua tese. O primeiro é o projeto Cingapura, de Paulo Maluf. "Um sonho recorrente da população mais carente é a casa própria, mesmo que seja dentro da favela e num apartamento pequeno."
O outro programa citado é o investimento realizado por Marta Suplicy no transporte público de massa. Segundo dados da prefeitura, os corredores de ônibus diminuíram o tempo de viagem pela metade em alguns percursos dentro da cidade.
"O carro é um dos maiores objetos de desejo do homem, não importa sua classe social. Inconscientemente, o eleitor quer a qualidade do carro particular no transporte coletivo. Se chega mais cedo em casa, sua esperança foi bem atendida", diz Duailibi.
Para o marqueteiro Chico Malfitani, que participou neste ano da campanha vitoriosa de reeleição de William Dib (PSB) em São Bernardo do Campo, "os projetos embalados para consumo rápido em eleições viraram uma praga no Brasil". "É a forma mais fácil de convencer milhares de pessoas a votar em um candidato com poucos minutos de propaganda na televisão." Mas essa estratégia pode reverter contra o candidato. "Se ele alimenta uma ilusão, é eleito e não cumpre, é cobrado e perde sua credibilidade."
Duailibi e Malfitani confirmam, sem citar nomes, que os grandes partidos políticos definem parte de seus projetos através de pesquisas qualitativas.
Funciona assim: levantamentos estatísticos apontam os principais desejos da população -cujas obras e serviços nem sempre coincidem com um planejamento urbano de longo prazo adequado para cada região. Com base nesse estudo, os candidatos apresentam projetos direcionados para suprir essas aspirações.


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