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Queda do Boeing motivou protesto
Segundo presidente do sindicato dos operadores de vôo, acidente deixou controladores "visados" pela população
Jorge Botelho nega "greve
branca" e diz que atrasos
estão ligados à necessidade
de contratação de mais
profissionais para o setor
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Sindicato
Nacional dos Trabalhadores de
Proteção ao Vôo, Jorge Carlos
Botelho, disse que o acidente
com o vôo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas em setembro,
levou os controladores de vôo a
reavaliar o regime de trabalho a
que são submetidos. Eles dizem operar um número maior
de vôos que o recomendado.
Uma das hipótese para o acidente com o vôo 1907 é que tenha havido falha nos procedimentos dos controladores. Leia
abaixo trechos da entrevista
concedida por Botelho.
(MARIANA TAMARI)
FOLHA - Por que os vôos estão atrasando tanto?
JORGE CARLOS BOTELHO - O volume de tráfego aéreo na verdade
é o mesmo. O que ocorre é que
nós estávamos controlando um
número de vôos acima do que a
nossa própria regulamentação
recomenda. Trabalhando com
um número a mais de aviões
você acaba colocando em risco
a segurança. Por isso nós resolvemos que não vamos mais trabalhar nessas condições.
FOLHA - Isso é uma "greve branca"?
BOTELHO - Não, não é "greve
branca". É uma questão de segurança para a população.
FOLHA - A categoria decidiu tomar
essa atitude depois do acidente com
o vôo 1907 da Gol, que matou 154
pessoas?
BOTELHO - Sim. Esse acontecimento gerou uma série de
questionamentos entre nós, e
veio a pergunta: por que é que
nós vamos trabalhar em excesso, correndo risco, comprometendo a segurança das pessoas?
Essa nossa atitude não é só salarial. A população tem que entender que isso é para a segurança. Nós ficamos visados pela
população, pela imprensa [com
o acidente]. E, por outro lado,
esse acidente sensibilizou muito os controladores mais novos,
que não tinham real noção da
responsabilidade tão grande
que se tem nessa profissão.
FOLHA - E como vai ser o feriado de
Finados?
BOTELHO - Nós vamos operar da
mesma maneira, dentro dessas
normas que eu falei.
FOLHA - Haverá muito mais atrasos nos vôos?
BOTELHO - Com certeza, os vôos
vão atrasar bastante. No feriado, o número de vôos sempre
aumenta. Vai atrasar. Mas eu te
dou a certeza de que vai haver
segurança.
FOLHA - Qual era a sobrecarga de
vôos nos centros de controle?
BOTELHO - Em relação aos centros de controle [que vigiam o
vôo no meio das rotas], o máximo que o pessoal está trabalhando agora é com 14 aviões.
Antes esse número podia chegar a 18, 20 aviões por setor. Já
no controle terminal [quando o
avião está a aproximadamente
100 km do aeroporto], antes
cuidávamos de oito a dez
aviões. Agora nós estamos trabalhando com, no máximo, cinco aviões.
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