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MÁFIA DAS MULTAS
Corregedoria abriu sindicância para apurar 100 mil liberações do imposto feitas desde 1998
Fazenda investiga desbloqueio de IPVA
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
A Corregedoria do Fisco Estadual, ligada à Secretaria da Fazenda, abriu sindicância para apurar
outra ramificação da máfia que
atua no desbloqueio irregular de
multas e taxas em São Paulo: a liberação de veículos licenciados
sem o pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Segundo a corregedoria, a sindicância foi aberta para apurar
cerca de 100 mil desbloqueios de
IPVA realizados desde janeiro do
ano passado.
A corregedoria ainda não tem
levantamento de quantos desbloqueios foram realizados irregularmente nem do valor do prejuízo acumulado.
O valor economizado com o
não pagamento do imposto, obtido por meio de um desbloqueio
irregular, pode variar de R$ 20
(modelos antigos) até R$ 92 mil
(Porsche importado). Os valores
são da tabela do próximo ano.
As suspeitas de desbloqueio irregular passaram a ser investigadas há sete meses pela corregedoria, depois que o Decon (Delegacia do Consumidor) encaminhou
denúncias de funcionários que teriam recebido propina para licenciar veículos com IPVA pendente.
O esquema é idêntico ao que foi
descoberto no Detran, onde funcionários com acesso a senhas secretas recebem propina de despachantes para licenciar ou transferir veículos sem o pagamento das
multas pendentes, o que é proibido pela legislação.
Na cidade de São Paulo, a corregedoria pretende ouvir 39 agentes
fiscais de renda que receberam senha para fazer o desbloqueio do
IPVA. A suspeita de irregularidades também atinge funcionários
que trabalham nos postos avançados do Detran (shoppings) e
nas Ciretrans (Circunscrição Regional de de Trânsito) do interior.
"Não podemos dizer ainda
quantos desbloqueios são irregulares. Mas ficamos preocupados
com levantamento feito pela Secretaria da Fazenda, que apontou
um excesso de desbloqueios nesse
período", disse o chefe da Corregedoria do Fisco Estadual, Mário
de Carvalho Neto.
"Também achamos estranho o
fato de muitos carros da capital
terem sido licenciados, por meio
de desbloqueio, em cidades do interior", afirmou Carvalho.
Segundo Carvalho, veículos de
São Paulo costumam ser licenciados no interior apenas nos casos
de transferência de município.
O chefe da corregedoria afirmou que solicitou levantamento
de todas as cópias das guias usadas no desbloqueio dos 100 mil
veículos licenciados desde janeiro
de 1998.
Segundo Carvalho, existem suspeitas de que o esquema irregular
envolva funcionários de Ciretrans
que são pagos por empresas particulares.
É o caso de quatro das principais Ciretrans do Vale do Paraíba
(São José dos Campos, Taubaté,
Jacareí e Cruzeiro), onde pelo menos 62 dos 90 funcionários têm o
salário pago por despachantes,
auto-escolas e empresas de guincho e emplacamento de veículos.
Carvalho confirmou que parte
desses funcionários tem acesso a
senhas de desbloqueio do IPVA.
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