São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2001

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Características das turmas mudam

DA SUCURSAL DO RIO

O perfil da turma da secretária da Educação do Estado de São Paulo, Rose Neubauer, 56, no curso público de formação de professores do Instituto Feminino de Educação Padre Anchieta, mostra o quanto mudou a característica dos professores.
"As minhas amigas eram de classe média e poucas pensavam em fazer universidade. A perspectiva para a mulher na época era ser professora. Ser médica, engenheira ou aeromoça pegava mal, não fazia sentido", lembra Rose.
A secretária faz questão de dizer, no entanto, que não tem saudades daquela época: "Naquele tempo [décadas de 50 e 60", apenas uma elite tinha acesso à escola pública. Essa elite tinha aulas também com professores de elite. Hoje, a escola se universalizou e, graças a Deus, a profissão de professor também virou uma profissão de massa", diz.
Segundo Rose, naquele modelo de sociedade, muitas mulheres procuravam ser professoras como uma garantia de renda caso o casamento não desse certo. "Das minhas 40 colegas, acho que apenas umas dez tinham vontade de trabalhar como um projeto para ser independente. Ir para a universidade, então, era algo pouco estimulado até pelas famílias."
Segundo Rose, é necessário ter pessoas de diferentes segmentos da sociedade para dar aula. "Hoje temos uma escola para todos. Somos um país com uma grande concentração de renda. Mesmo se triplicássemos o salário do professor, não haveria elite suficiente para dar aula na escola pública."


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