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Mudança é gradual, diz educadora
DA SUCURSAL DO RIO
Na opinião de Marieta Nicolau,
professora da Faculdade de Educação da USP (Universidade de
São Paulo) e coordenadora-geral
do programa de educação continuada da instituição, a entrada no
mercado de um profissional de
menor renda é um fenômeno que
vem ocorrendo gradativamente.
"Há algumas décadas, o perfil
do professor era mais elitizado.
Hoje, percebemos que é um profissional mais valente, que trabalha muitas vezes em vários lugares
para garantir sua renda", diz.
Para ela, a mudança é explicada
pela defasagem salarial histórica
da categoria, que deixou de atrair
um público de maior renda, e pelo
processo de democratização da
escola pública, que, ao mesmo
tempo em que cria demandas por
mais professores, permitiu que
uma classe social tradicionalmente excluída dos ensinos médio e
superior pudesse ter acesso aos
cursos de formação de professor.
Para Guiomar Namo de Mello,
integrante da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
de Educação, os candidatos ao
magistério sempre foram de uma
camada mais pauperizada da população, em relação ao perfil dos
estudantes de outros cursos.
Segundo ela, as eventuais deficiências de estudantes que ingressam nos cursos de formação passam a ser de responsabilidade da
universidade assim que aceitam
esses alunos. "Se esse aluno teve
um mau professor na escola, um
professor que ele não quer ser
quando estiver dando aula, devemos começar sua formação dando a ele o que ele não recebeu."
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