EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

"Os policiais nos colocaram com a galera que tinha cometido crime de verdade. Tinha gente que matou, gente do tráfico... Realmente deu medo. Eu e o Daniel [Correa] nunca tínhamos sido presos e, de repente, ir parar numa prisão federal, nos Estados Unidos! Foi um choque grande."
Dessa forma o paraibano Mizael Mendonça Cabral, 29, descreveu a sensação que ele e o seu amigo carioca Daniel Correa, 26, tiveram ao chegar à penitenciária federal em Miami, após serem detidos no aeroporto da cidade.
Eles embarcavam de volta para o Brasil no dia 26 de outubro, depois de terem vivido dois anos nos EUA, quando foram presos pelo serviço de segurança do aeroporto. Agentes que verificavam o embarque relataram que Cabral contou carregar uma bomba.
Ontem, à reportagem da Folha, por telefone, ele admitiu que fez uma brincadeira, mas que houve um mal-entendido. "Realmente, nós estávamos alegres por estar voltando para casa, e eu falei que tinha uma bomba, no caso a bomba de sucção [empregada na confecção de pranchas]. Eu estava brincando."
"Depois que eu falei isso, o Daniel veio e disse que a mala dele estava muito cheia e que, se abrissem, iria explodir, as roupas iam cair. Ele usou o termo errado."
De lá foram levados para a penitenciária, acusados de falsa informação de bomba. A Justiça norte-americana reconsiderou o caso, e a acusação foi modificada para obstrução do trabalho de agente de segurança, considerada uma infração menor. O fim do processo foi anunciado anteontem, após cada um deles pagar multas de US$ 2.025 (cerca de R$ 5.590). Os dois devem voltar para o Brasil nos próximos dez dias.
Após obterem o relaxamento da prisão, no dia 10 do mês passado, os dois brasileiros voltaram a ser presos, porque seus vistos haviam expirado.
Nesse processo, o paraibano, que ficou 35 dias presos, disse que eles deverão deixar os EUA no que chamou de "deportação voluntária". Correa -cuja mãe tem cidadania norte-americana- ficou menos tempo detido.
Quando voltarem ao Brasil, Cabral disse que ele e Correa irão montar um negócio de pranchas, em João Pessoa (PB). Os dólares economizados nos EUA foram usados para pagar multa e fiança.


Texto Anterior: Violência: Ex-namorado é suspeito de matar goiana
Próximo Texto: Dentro do poder: Funcionário da União é acusado de narcotráfico
Índice