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RETRATO DO BRASIL
Pesquisa avaliou renda média per capita, escolaridade dos pais e presença de menores de 14 anos
Uma a cada cinco famílias corre risco social, afirma IBGE
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Praticamente uma em cada cinco famílias brasileiras vive em situação de alta vulnerabilidade. A
pesquisa de Indicadores Sociais
Municipais do IBGE, divulgada
ontem no Rio, mostra que em
22% dos domicílios no país o rendimento médio mensal em 2000
era menor do que meio salário
mínimo per capita, os responsáveis pela casa tinham menos de
quatro anos de estudos e havia a
presença de ao menos uma criança de até 14 anos de idade.
Foram esses os critérios usados
pelos pesquisadores do instituto
para definir vulnerabilidade. Os
dados do IBGE, que tiveram como base o Censo de 2000, mostram que essa situação de vulnerabilidade é maior nas cidades de
pequeno e médio porte do que
nas grandes cidades.
Em municípios com menos de
5.000 habitantes, a proporção de
domicílios onde foram encontradas essas condições era de 31%.
O percentual mais alto foi encontrado nas cidades com população entre 10 mil e 20 mil habitantes, onde chegou a 39%. No
outro extremo, nos municípios
com mais de 500 mil habitantes,
esse percentual cai para 9%.
Outro dado que indica a pior
condição social nas cidades pequenas é o que compara a proporção de crianças e adolescentes que
estavam trabalhando em 2000.
Nas cidades com menos de 5.000
habitantes, o percentual de ocupados na população de 10 a 17
anos era de 23%. Esse percentual
diminui à medida que a população aumenta. Em cidades com
população entre 10 mil e 20 mil ele
chega a 19% e cai para 8% nas
maiores cidades, onde vivem
mais de 500 mil pessoas.
Bárbara Cobo, do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE, explica que a presença de crianças em famílias
com pouca renda e escolaridade
coloca o domicílio numa situação
de vulnerabilidade. "Essas crianças estão em idade escolar e ainda
são dependentes de pais com baixíssimo rendimento e pouca escolaridade", afirma ela.
Para a representante do Unicef
no Brasil, Marie-Pierre Poirier, os
dados do IBGE ajudam a entender melhor a situação de pobreza
de famílias com crianças. "A pobreza no Brasil tem cara de criança, e de criança do semi-árido. Os
dados mostram que há muita iniqüidade quando são comparados
municípios pequenos e rurais
com áreas urbanas", diz Poirier.
Outro aspecto levantado pela
representante do Unicef no Brasil
é que a baixa escolaridade das famílias é um fator de risco para as
crianças. "Sabemos que filhos de
mães sem instrução têm três vezes
mais possibilidade de não completar um ano. As famílias mais
pobres também têm menos acesso a serviços básicos por meio de
políticas públicas", diz Poirier.
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