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PATRIMÔNIO
Obra visa acabar com goteiras e vazamentos que dão aspecto de abandono à construção; projeto exige R$ 2,9 milhões
Catedral de Brasília passa por reforma geral
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
A Catedral Metropolitana de
Brasília, local mais visitado por turistas da capital do país, vai passar
por uma grande reforma, com o
objetivo principal de acabar com
as goteiras e vazamentos que lhe
dão o aspecto atual, de abandono.
Dom José Freire Falcão, arcebispo de Brasília, quer obter dinheiro
não apenas para restaurar a igreja,
mas também para construir o novo edifício da cúria, ao lado da catedral, uma das duas obras do projeto original de Oscar Niemeyer
para a cidade ainda não realizadas.
As verbas necessárias para colocar a Catedral em ordem estão
quase asseguradas. Amanhã, reúnem-se em Brasília dirigentes das
Fundações Banco do Brasil e Oscar
Niemeyer para acertar os detalhes.
Os recursos para a restauração
da igreja foram estimados em cerca de R$ 2,9 milhões. O governo do
Distrito Federal prometeu R$ 800
mil, o Ministério da Cultura (por
meio do Fundo Nacional de Cultura), mais R$ 500 mil, e os R$ 1,6 milhão restantes serão obtidos de
empresas, pela Fundação Banco
do Brasil, por meio dos benefícios
da Lei de Incentivo à Cultura.
Segundo Francisco Cisne Vasconcellos, presidente em exercício
da Fundação Banco do Brasil, ainda não há um orçamento para o
edifício novo da cúria (que atualmente funciona em salas de um
centro de formação religiosa).
Dom Falcão, 73, diz que tem esperanças de inaugurar o prédio antes de sua aposentadoria compulsória, em 2000. A renovação da catedral vai estar pronta em 1999.
O projeto de Niemeyer para a cúria é simples: um andar subterrâneo e outro à superfície. "Uma elevação em forma de sigma", segundo Dom Falcão. "Uma duna de
concreto", na definição do arquiteto Fernando Andrade, da equipe
de Oscar Niemeyer.
De qualquer modo, a nova obra
não vai interferir com a vista que se
tem da catedral. Terá, ainda, a vantagem adicional de ocupar a área
atualmente sob controle de barraqueiros, que vendem quinquilharias e enfeiam a catedral.
Os principais pontos das obras
de restauração da catedral são: a
impermeabilização do espelho
d'água e do teto da sacristia, nave
central e batistério, e a substituição
de vidros internos quebrados.
Os danos aos vidros não foram
provocados por atos de vandalismo, mas sim pelo calor excessivo.
Os vidros internos, inclusive os
que compõem o magnífico vitral
da artista franco-brasileira Marianne Peretti, não são temperados. Um dos planos da reforma é
substituir todos os vidros externos
por outros, importados da França,
que vão vedar 70% do calor.
Esta será a segunda mudança dos
vidros externos da catedral desde
que ela foi inaugurada, em 1967,
após 12 anos de trabalhos.
A outra aconteceu há cerca de
dez anos, quando Niemeyer pediu
que os originais, mais escuros do
que os de agora, fossem substituídos por outros, que permitiram a
quem esteja do lado de fora poder
ter alguma visão do vitral.
Pretende-se, ainda, instalar sistema de ar-condicionado e ventilação mecânica na nave central para
combater o enorme calor que se
sente nas duas missas diárias (três
aos domingos) ali realizadas.
Um novo projeto elétrico e hidráulico será realizado, a iluminação interna e externa será revista, a
mobília da sacristia e os bancos da
capela terão nova disposição.
Mas, de acordo com o arquiteto
Fernando Andrade, nenhuma modificação substantiva se realizará.
A Catedral Metropolitana de
Brasília é mantida com parcos recursos, o que ajuda a explicar seu
estado de deterioração. Venda de
lembranças e contribuições espontâneas do público são suas principais fontes de receita.
Agora, Dom Falcão está instituindo uma Associação de Amigos
da Catedral para mantê-la.
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