São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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PATRIMÔNIO
Obra visa acabar com goteiras e vazamentos que dão aspecto de abandono à construção; projeto exige R$ 2,9 milhões
Catedral de Brasília passa por reforma geral


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

A Catedral Metropolitana de Brasília, local mais visitado por turistas da capital do país, vai passar por uma grande reforma, com o objetivo principal de acabar com as goteiras e vazamentos que lhe dão o aspecto atual, de abandono.
Dom José Freire Falcão, arcebispo de Brasília, quer obter dinheiro não apenas para restaurar a igreja, mas também para construir o novo edifício da cúria, ao lado da catedral, uma das duas obras do projeto original de Oscar Niemeyer para a cidade ainda não realizadas.
As verbas necessárias para colocar a Catedral em ordem estão quase asseguradas. Amanhã, reúnem-se em Brasília dirigentes das Fundações Banco do Brasil e Oscar Niemeyer para acertar os detalhes.
Os recursos para a restauração da igreja foram estimados em cerca de R$ 2,9 milhões. O governo do Distrito Federal prometeu R$ 800 mil, o Ministério da Cultura (por meio do Fundo Nacional de Cultura), mais R$ 500 mil, e os R$ 1,6 milhão restantes serão obtidos de empresas, pela Fundação Banco do Brasil, por meio dos benefícios da Lei de Incentivo à Cultura.
Segundo Francisco Cisne Vasconcellos, presidente em exercício da Fundação Banco do Brasil, ainda não há um orçamento para o edifício novo da cúria (que atualmente funciona em salas de um centro de formação religiosa).
Dom Falcão, 73, diz que tem esperanças de inaugurar o prédio antes de sua aposentadoria compulsória, em 2000. A renovação da catedral vai estar pronta em 1999.
O projeto de Niemeyer para a cúria é simples: um andar subterrâneo e outro à superfície. "Uma elevação em forma de sigma", segundo Dom Falcão. "Uma duna de concreto", na definição do arquiteto Fernando Andrade, da equipe de Oscar Niemeyer.
De qualquer modo, a nova obra não vai interferir com a vista que se tem da catedral. Terá, ainda, a vantagem adicional de ocupar a área atualmente sob controle de barraqueiros, que vendem quinquilharias e enfeiam a catedral.
Os principais pontos das obras de restauração da catedral são: a impermeabilização do espelho d'água e do teto da sacristia, nave central e batistério, e a substituição de vidros internos quebrados.
Os danos aos vidros não foram provocados por atos de vandalismo, mas sim pelo calor excessivo.
Os vidros internos, inclusive os que compõem o magnífico vitral da artista franco-brasileira Marianne Peretti, não são temperados. Um dos planos da reforma é substituir todos os vidros externos por outros, importados da França, que vão vedar 70% do calor.
Esta será a segunda mudança dos vidros externos da catedral desde que ela foi inaugurada, em 1967, após 12 anos de trabalhos.
A outra aconteceu há cerca de dez anos, quando Niemeyer pediu que os originais, mais escuros do que os de agora, fossem substituídos por outros, que permitiram a quem esteja do lado de fora poder ter alguma visão do vitral.
Pretende-se, ainda, instalar sistema de ar-condicionado e ventilação mecânica na nave central para combater o enorme calor que se sente nas duas missas diárias (três aos domingos) ali realizadas.
Um novo projeto elétrico e hidráulico será realizado, a iluminação interna e externa será revista, a mobília da sacristia e os bancos da capela terão nova disposição.
Mas, de acordo com o arquiteto Fernando Andrade, nenhuma modificação substantiva se realizará.
A Catedral Metropolitana de Brasília é mantida com parcos recursos, o que ajuda a explicar seu estado de deterioração. Venda de lembranças e contribuições espontâneas do público são suas principais fontes de receita.
Agora, Dom Falcão está instituindo uma Associação de Amigos da Catedral para mantê-la.



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