São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

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Em São Paulo, lideranças são intimadas a depor

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Líderes do movimento de reivindicação salarial dos policiais militares de São Paulo foram intimados a depor ontem, na Corregedoria da PM, sob a suspeita de incitar a greve no Estado.
O vice-presidente da Associação Nacional de Cabos e Soldados, José Luiz de Lira, e o diretor de relação públicas da entidade, Daniel Silva de Abreu, foram ouvidos e liberados em seguida.
A corregedoria questionou os dois sobre declarações dadas à Folha, em reportagem publicada anteontem, e pediram informações sobre um movimento de PMs que prega uma "greve branca" -só atender casos graves- se o governador, Geraldo Alckmin, não negociar reajustes.
"É uma pressão do comando para intimidar as associações", afirmou o deputado estadual Wilson Morais (PSDB), presidente da Associação Nacional de Cabos e Soldados. "A PM, infelizmente, aplica o regimento para os membros da associação. Não existe imunidade sindical."
O artigo 42, parágrafo 5º, da Constituição proíbe que um servidor público militar participe de greve. O artigo 155 do Código Penal Militar pune a "incitação à desobediência" com pena de dois a quatro anos de reclusão.
Lira negou que a entidade esteja incitando a greve de policiais militares ou o protesto de familiares. Na reportagem de anteontem, ele criticou o governo do Estado por investir mais em equipamentos do que em uma política salarial. Já Abreu afirmou que a entidade não tem ligação com o movimento que defende a "greve branca".
A assessoria da PM informou que a intimação não é uma forma de pressão. Segundo a assessoria, a intimação de um policial é um "procedimento normal".
Entidades de policiais civis e militares entregaram uma pauta ao secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, com pedido de reajuste de 41,04%.
Petrelluzzi disse que a reivindicação é "razoável", mas que a definição ainda depende de um estudo do governo. Alckmin afirmou que o "valor é alto". "O governo, podendo, vai reajustar."



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