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Mãe mente para poupar a filha
DO ENVIADO ESPECIAL
A dona-de-casa Maria Salomé
de Souza Leite, 29, aquartelada
em Palmas com o marido há oito
dias, preferiu mentir à filha de 6
anos em vez de explicar a ela o
motivo de haver tantos tanques
do Exército ao redor do quartel.
"Eles estão passeando aqui, conhecendo a cidade", disse Salomé
à única filha, que passa as horas a
brincar dentro do batalhão da
PM, em meio a homens armados,
barricadas e à movimentação
constante das tropas federais.
"Não dá para falar a verdade.
Vai que ela fica traumatizada",
diz. E justifica porque continua lá:
"Porque precisamos disso [aumento", para comprar comida,
pagar aluguel, viver melhor", responde em coro com outras mulheres de policiais que permanecem na entrada do batalhão.
Hoje, um soldado m início de
carreira ganha cerca de R$ 600.
As mulheres do quartel, estimadas em 150 pelos grevistas, controlam as chaves do portão principal do batalhão ocupado e ainda
se dividem entre as atividades de
apoio. Dizem dormir no máximo
três horas por noite.
Em meio à tensão, as mulheres
comemoram ontem o que definiram como "a primeira vitória"
contra o Exército. Uma delas conseguiu furar o bloqueio das tropas
federais para rever o marido.
Eudete Alves Saraiva Marinho,
30, e a filha de 4 anos, viajaram
uma hora de ônibus de Porto Nacional a Palmas, sem saber se conseguiriam entrar. Ela se apresentou ao bloqueio como moradora
do bairro ao redor do quartel e foi
escoltada por um soldado até sua
suposta casa. Depois, conseguiu
abraçar o marido.
(AS)
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