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Moradores do Cambuci querem transformar igreja em um museu
Rotina de cultos ainda não foi retomada na Igreja Renascer, cujo teto desabou em janeiro e matou nove
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores do Cambuci (centro de São Paulo) estão empenhados em transformar o templo da Igreja Renascer da avenida Lins de Vasconcelos, cujo
teto desabou em janeiro matando nove pessoas, em um
museu sobre o cinema.
Em abaixo-assinado, eles pedem ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) que o terreno seja
desapropriado para abrigar um
centro cultural que incluiria
um grande acervo cinematográfico e um memorial das vítimas do acidente.
O documento cita o excesso
de barulho e a enorme concentração de pessoas e veículos
provocados pelos cultos da Renascer entre os motivos para a
transferência do templo.
De acordo com Roberto Casseb, da Associação de Preservação do Cambuci e Vila Deodoro, entidade que lidera o movimento, a ideia é instalar no local a coleção de 15 mil itens ligados à produção de imagem e
de som mantida por Marco Antônio Vituzzo.
Filho de Antônio Vituzzo,
amante do cinema que passou a
vida reunindo objetos cinematográficos, Marco Antônio assumiu a extensa coleção quando o pai faleceu, em 2004. "Engraçado que eu reclamava do
tempo que ele dedicava a cuidar do acervo em vez de estar
com a família, com os filhos. E
agora quem cuida sou eu", diz.
Antônio, que ganhou o primeiro projetor aos nove anos e
na década de 50 trabalhava na
distribuição de filmes, sabia de
cor a trajetória de cada peça
guardada. "Parte da história
morreu com ele", diz o filho.
Entre as preciosidades, conta
Marco Antônio, há dezenas de
câmeras Kodak, incluindo um
modelo de 1892, equipamentos
que capturavam imagens aéreas durante a Segunda Guerra,
gravadores de fio de aço da década de 30, projetor de manivela movido a carvão, um dos primeiros modelos de TV em cores vendido no país -um Zenith-, máquinas lambe-lambe,
polaroid com fole, lanterna mágica e filmadora Pathé.
Integram a coleção ainda cadeiras de salas de cinema antigos, pôsteres pintados à mão
-há exemplar de 1910-, flashes de pólvora e pipoqueira.
A mudança de endereço do
acervo resolveria a precariedade das condições de instalação.
Os objetos, amontoados e sujeitos a cupins e infiltrações, ficam trancados em um imóvel
generosamente chamado de
Museu do Cinema, também no
Cambuci. Marco Antônio conta
que raramente recebe visitantes no local, mas costuma ceder
partes da coleção para exposições temporárias.
Por enquanto, a mudança do
Museu do Cinema para a área
do templo é apenas sugestão. O
abaixo-assinado deve ser entregue à prefeitura quando
atingir 5.000 assinaturas -até
o momento, reúne cerca de
4.000, segundo organizadores.
A igreja, praticamente destruída após a tragédia, teve a fachada reconstruída, mas ainda
não retomou a rotina de cultos.
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