São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disque Saúde é mais procurado por fumante

Serviço do SUS esclarece dúvidas pelo telefone sobre doenças como câncer, Aids, tuberculose, além de tabagismo

Foram 19.062 ligações nos primeiros quatro meses de 2009 nas que o usuário falou com um atendente sobre como parar de fumar

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Informações sobre tabagismo e como parar de fumar são as mais procuradas no Disque Saúde, serviço do SUS que esclarece dúvidas quanto à doenças e programas do governo.
Foram 19.062 ligações em 2009 nas que o usuário falou com um atendente sobre como parar de fumar, como ajudar alguém a largar o vício e benefícios de largar o cigarro, entre outros. O tema ficou à frente de assuntos como saúde bucal (11.572) e da mulher (4.446).
O levantamento foi feito pelo Ministério da Saúde no marco do Dia Mundial Sem Tabaco -comemorado hoje. O tema deste ano é "Advertências contra o Tabaco", como as existentes nos maços de cigarros, consideradas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) importantes no combate ao fumo.
A procura reflete o interesse do brasileiro por deixar o cigarro. Dados da OMS mostram que 80% dos fumantes no mundo querem largar o vício. Isso, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), que coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, é tendência em países onde o governo promove a luta antitabaco.
Contudo, o programa brasileiro, que tem o 0800 como uma das ferramentas, ainda enfrenta vários problemas. O envio de tratamentos pelo governo federal aos municípios é irregular e frequentemente menor que o pedido. Em 2008, só 466 cidades das mais de 5.000 do país tinham atendimento.
A Folha constatou que a demora para iniciar o tratamento pode demorar até sete meses em unidades de referência. Foi o que ocorreu com a reportagem após inscrever-se em novembro no Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas) -órgão estadual na região central de São Paulo- durante reportagem que mostrava a peregrinação de quem tenta deixar o fumo.
Cristina Perez, técnica da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca, afirma que o fato de o país ter reduzido a prevalência de fumantes de 30% em 1989 para 16% é um reflexo das ações tomadas, que vão desde o combate à publicidade, adoção de imagens em maços de cigarro, taxação do cigarro a serviços como o Disque Saúde.
"O 0800 é um atendimento que pode ajudar efetivamente no tratamento, além de fornecer informações gerais", afirma. O Inca tenta modificar o credenciamento de unidades no programa nacional para possibilitar um melhor atendimento a partir de 2010.
Para Jaqueline Scholz Issa, pesquisadora e diretora do Programa de Tabagismo do Instituto do Coração, o programa foi pioneiro, mas ainda é incipiente. "A nossa lição de casa é dar um bom tratamento no SUS. A demanda reprimida é enorme", diz. Segundo ela, no Incor são comuns problemas no envio de gomas, adesivos e remédios pelo governo federal.


Texto Anterior: Cidades inundadas em 2008 ainda não receberam verba
Próximo Texto: Empresas preferem contratar quem não fuma
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.