São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Empresas preferem contratar quem não fuma

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à implantação da lei antifumo, que proíbe o cigarro em todos os ambientes fechados do Estado, uma pesquisa da Catho, a maior empresa de recrutamento on-line do país, revela que 82% dos gerentes e 83% dos diretores têm objeção à contratação de fumantes.
Na prática, isso significa que, entre dois candidatos com qualificação profissional semelhante que disputam a mesma vaga, o não fumante tem a preferência do empregador.
A AlfaData Solutions, empresa que presta serviços de informática em São Bernardo do Campo, diz ter "o princípio de não contratar fumantes".
"Entendemos que o funcionário que não fuma tem uma saúde melhor e vai produzir mais. Também não queremos tornar os demais empregados fumantes passivos", afirma o gerente Ivan Caparrós.
O estudo, feito a cada dois anos, mostra que, de 1997, quando foi analisado pela primeira vez, o percentual de fumantes nas empresas caiu de 20% para 12% atualmente.

Hierarquia
Curiosamente, quanto menor é a hierarquia, menor é o número de vezes que o empregado sai para fumar por dia. Enquanto os vice-presidentes puxam 14 cigarros por dia, os estagiários fumam cinco.
Dos profissionais ouvidos, 77% dizem não ter permissão para fumar no trabalho e outros 67% afirmam que suas empresas têm lugares específicos para empregados fumantes.
Para Fabíola Marques, ex-presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo e professora de direito trabalhista da PUC, a objeção à contratação de fumantes "é totalmente discriminatória".
"A lei proíbe qualquer tipo de discriminação na contratação ou durante o contrato de trabalho. Se o candidato conseguir comprovar que foi discriminado por ser fumante, pode conseguir indenização na Justiça", afirma Marques.
A pesquisa ouviu 13.340 profissionais de todo o Brasil e, como foi feito por questionários respondidos voluntariamente, não considera margem de erro.
A razão para a exclusão dos fumantes, dizem as empresas ouvidas, é a menor produtividade dos empregados que fumam. Para os patrões, os fumantes deixam mau cheiro de cigarro no ambiente e atrapalham o andamento do trabalho ao parar o serviço para fumar.
Algumas empresas disseram também que os empregados fumantes incomodam os clientes.
Segundo Antonio Joaquim Motta Carvalho, headhunter e sócio-diretor da Panelli Motta Cabrera Associados, empresa especializada na contratação de executivos, a preferência por não fumantes é "velada, mas acontece" e, para o mercado, fumar diminui a produtividade.
"Já houve casos em que me disseram claramente: "não contrate fumante". Tem gente que não gosta de interagir no dia a dia com fumantes. Descer para fumar interfere na produtividade, não tenho dúvida", diz.

Multa
Na primeira semana de agosto, quando entrar em vigor a lei antifumo do Estado de São Paulo, as empresas terão de extinguir os fumódromos e proibir o cigarro no ambiente de trabalho. Caso não obriguem os empregados a fumar na rua, poderão receber multa da fiscalização da Vigilância Sanitária e dos agentes do Procon.


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