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POLÍCIA FORA DA LEI
Comissão de Direitos Humanos da OAB entrou com pedido de investigação no conselho penitenciário
Para Alckmin, ações contra PCC são legais
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu
ontem as ações do serviço de inteligência da Polícia Militar contra o
PCC e afirmou que as operações
foram autorizadas pela Justiça.
Questionado por três vezes se sabia das infiltrações de detentos
em quadrilhas, Alckmin disse
apenas que "desconhecia detalhes
das operações policiais".
"A Justiça autorizou os presos a
saírem para diligências. Isso é feito com autorização judicial, é público", afirmou Alckmin.
As saídas de presos foram autorizadas pelo juiz-corregedor dos
presídios de São Paulo, Octávio
Augusto Machado de Barros Filho. Ele disse à Folha, porém, que
não sabia que os detentos seriam
usados pela PM em infiltrações
nas quadrilhas supostamente ligadas ao PCC.
Alckmin contestou as críticas de
entidades de direitos humanos e
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) de São Paulo, que afirmaram que o desvio de função do
Gradi representaria uma ameaça
à democracia. "O que é perigoso à
democracia é o fortalecimento do
crime organizado", disse.
Para ele, o que importa é que as
ações policiais enfraqueceram a
facção criminosa. "Quase não se
ouve mais falar do PCC", disse.
O governador afirmou que as
investigações que resultaram na
identificação de líderes do PCC e
na prisão de membros da facção
foram baseadas principalmente
em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Questionado sobre a afirmação
da OAB de que não foram encontrados dados das escutas no inquérito sobre o tiroteio em Sorocaba, em março passado, que terminou na morte de 12 supostos
membros do PCC, Alckmin voltou a dizer que "não sabia dos detalhes" e que quem deveria falar
sobre isso seria o secretário da Segurança Pública. Nos últimos
dias, Saulo de Castro Abreu Filho
só se pronunciou por nota oficial.
Ontem, a Comissão de Direitos
Humanos da OAB entrou com
um pedido de investigação no
conselho penitenciário, órgão que
fiscaliza o sistema prisional. Segundo João José Sady, presidente
da comissão, o objetivo é fazer
uma "devassa" no sistema desde
o começo de 2001 para buscar os
casos de presos retirados pela polícia para supostas investigações.
O conselho decide a questão na
próxima terça-feira.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
também encaminhou ontem uma
representação ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz
Antônio Marrey, pedindo a apuração do caso.
A assessoria do Tribunal de Justiça informou que o corregedor-geral de Justiça, Luiz Elias Tambara, solicitou dados sobre as autorizações de saída de presos ao
juiz-corregedor dos presídios. Segundo o TJ, só com isso Tambara
decidirá se investigará o caso.
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