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EDUCAÇÃO 5
Setor privado questiona necessidade de uma grande produção para instituição ser chamada de universidade
Pesquisa pode virar um atributo de elite
da Reportagem Local
Considerada a principal exigência dentro do conceito de universidade, a pesquisa avançada já é vista por muitos como um atributo a
ser mantido apenas na elite das
instituições dedicadas ao ensino
superior.
"Eu acho que a pesquisa é fundamental e caracteriza uma instituição madura", diz o reitor da
Unicamp e ex-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, José Martins Filho.
"Mas reconheço que essa opinião
está sendo rediscutida."
Os representantes do setor privado questionam a necessidade de
uma universidade ter uma grande
produção de pesquisa para ser
chamada de universidade.
"Algumas federais não fazem
pesquisa, mas nem por isso deixam de ser universidades", diz Edson Franco, da Associação Brasileira de Mantenedoras.
"A pesquisa só pela pesquisa
não leva a nada, tem que ser algo
relevante", diz o reitor da Universidade Metodista de São Paulo, Jacob Daghlian.
Segundo o artigo 207 da Constituição, as universidades têm de
obedecer "ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão".
"Há setores, principalmente na
universidade pública, que lutam
para manter esse tripé", diz Martins Filho.
O presidente do Conselho Nacional de Educação, Hésio Cordeiro, diz que os três pontos definidos
na Constituição não tiveram o
mesmo desenvolvimento. "O que
se observa é que não houve expansão uniforme desses três componentes", afirma.
"Algumas universidades desenvolveram mais os aspectos de graduação, outras, extensão, e outras,
pesquisa. O melhor exemplo é que
a produção científica continua
concentrada no eixo Rio-São Paulo", diz Cordeiro.
Centros
Os centros universitários são hoje uma modalidade que oferece
certa autonomia às instituições de
ensino superior sem exigir muito
investimento em pesquisa.
Essa nova classificação ainda não
tem atraído o interesse da maior
parte do setor privado.
O reitor da Universidade Metodista diz que, depois da tramitação
de um pedido para se tornar universidade, a classificação como
centro universitário seria "um desapontamento".
Para o professor de filosofia Roberto Romano, da Unicamp, os
centros universitários poderiam
dar certo se houvesse uma política
de longo prazo para uma futura
transformação em universidade.
Os pedidos que têm chegado ao
Ministério da Educação são exclusivamente para a criação de universidades. Segundo o governo,
ainda não foi demonstrado interesse pela transformação em centros universitários porque a nova
categoria não é muito conhecida.
"Pode até ser que o centro universitário seja a mesma coisa que
uma universidade. Mas ainda é um
conceito novo", diz o diretor-geral
da Faculdade Anhembi Morumbi,
Gabriel Mário Rodrigues.
Os conselheiros do Conselho
Nacional de Educação que rejeitaram a transformação da Anhembi
Morumbi em universidade votaram pela adoção pela faculdade do
título de centro universitário.
Expansão
Com o pequeno crescimento do
setor público de ensino superior, a
atual demanda por vagas no terceiro grau terá de ser atendida pelo
setor privado.
Segundo o presidente da Câmara
de Educação Superior do CNE,
Éfrem Maranhão, essa expansão é
inevitável. "Tem aumentado o
número de estudantes no segundo
grau, e o setor público não vai dar
conta. A nossa responsabilidade é
garantir a qualidade."
(RS e FR)
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